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quinta-feira, 27 de maio de 2010

Triste regulamento para o Taekwondo brasileiro

O regulamento para a formação da nova Equipe Olímpica Permanente 2011 publicada no site da CBTKD me parece preocupante. Já publiquei aqui no BLOG minha opinião sobre a fórmula de uma Equipe fixa para um ano inteiro de competições. Sou radicalmente contrário e considero um projeto totalmente anacrônico e tendente a não dar certo. Torço para estar errado, mas não posso deixar de ver a fórmula de selecionar atletas de forma mais simples, mais objetiva e menos inventiva como a mais sensata. Mas no caso da seleção para essa EOP que se definirá no final do ano de 2010 há certas exigências desnecessárias e que acabam, na prática, não ajudando em nada. Pelo contrário, traz dificuldades aos atletas, que já sofrem em alguns estados por não se relacionarem bem com algumas federações e que vão ter que se desdobrar para cumprir tais exigências da CBTKD. Querer dos classificados que apresentem até novembro o diploma da Kukkiwon é uma maldade. É um preciosismo desnecessário. Vamos imaginar que surja um proeminente talento do taekwondo, pegando a faixa preta em outubro, vencendo a Copa Brasil em novembro e tendo que se desdobrar até o dia 30 do mesmo mês para ter o registro da Kukkiwon. Por favor, se realmente não há segundas intenções nessas tomadas de decisões, que haja pelo menos bom senso.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Um resumo do escárnio dos Exames no Brasil

O taekwondo chegou ao Brasil em 1969, em Cruz das Almas, Bahia, pelas mãos do mestre Jung Do Lin. Os coreanos detentores do saber da modalidade foram chegando na década de 70 e se instalando por todos os cantos do país e abrindo suas academias para o ensino da arte marcial. Paralela ao ensino, foi trazida também uma instituição chamada exames de faixa. O aprendiz pagava para aprender a modalidade, mas se quisesse trocar de faixa, precisaria dispor de recursos para honrar com honorários dispensados a estes mestres que o examinaria a uma nova graduação. Tendo em vista o fato de serem estrangeiros e dedicarem a vida unicamente ao ensino de uma modalidade para cujo desempenho físico após 30 ou 40 anos de profissão não seria mais a mesmo, o exame foi uma boa sacada no que visava formar um pecúlio para a aposentadoria desses mestres, desde que isso fosse calcado em forma distributiva correta desses honorários, cujos percentuais contemplassem de forma gradiente todos os que passassem a ensinar, independentemente da graduação que possuíssem. Se assim o fizessem, hoje, na casa dos 70 anos, estariam recebendo percentuais pequenos de todos os discípulos e nenhum deles se negaria a dispensar ao velho mestre o percentual que lhes coubesse. Isso porque um mestre de idade mediana, hoje, será também, no futuro,um velho mestre. Agora imaginemos quantos faixas-pretas foram formados pelos grão-mestres Jung Roul Kim e Yong Min Kim.

Nunca quiseram distribuir a renda

No início os coreanos eram os únicos em condições de examinar e os únicos a receber tais honorários. À medida que os alunos iam se tornando faixas-pretas e, conseqüentemente, novos fomentadores da modalidade, os coreanos introdutores fortaleciam esta instituição, pois aumentavam sobremaneira o montante a receber dos alunos dos alunos. Os novos instrutores brasileiros, apesar de ensinar, não podiam examinar por força da baixa graduação. Por conta disso, não recebiam um tostão de honorários.
No decorrer da década de 70 e já chegando aos anos 80, quando alguns instrutores começavam a achar injusto este tipo de conduta, o discurso dos introdutores coreanos era o de que para receber honorários, somente se fossem mestres 4º dan. Essa condição somente os coreanos possuíam. Com a criação das federações e da CBTKD, e também com a formação dos primeiros mestres brasileiros (os quais teriam a sonhada autonomia), atrelaram o exame de faixa ao estatuto das entidades e criaram um regulamento para poder dizer quem teria ou não capacidade de examinar no Brasil. Deram uma carta branca aos presidentes das federações para que indicassem os examinadores de seus estados. Os presidentes eram alçados a condição de grão-mestres e passavam a indicar a si mesmos para serem os donos do pedaço. Os demais mestres, por sua vez, ficavam impedidos de examinar seus faixas-pretas a não ser com autorização do presidente. Uma brincadeira!!!

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Significado prático de se possuir um “P” do CREF

Aos 15 anos três amigos começaram a treinar taekwondo. O mestre dos três os ensinou todas as técnicas da arte marcial, bem como a melhor forma de repassa-las aos novos alunos. Os três ingressaram juntos na faculdade. Cada qual escolheu um curso distinto. Um escolheu fazer Educação Física, o outro Administração e o terceiro Direito.

O que escolheu Educação Física, permaneceu treinando e encontrou uma academia para ensinar o taekwondo. Nos anos de faculdade treinou regularmente e ensinou taekwondo em alguns colégios. Aprendeu as bases de diversas modalidades esportivas e ao se formar, tinha uma visão bem mais ampliada dos esportes no geral.

O que optou pela Administração, fez seu curso regularmente. Todavia, dedicou-se inteiramente ao conhecimento do taekwondo.Viajou para diversos países do mundo e interagiu com mestres de diversas escolas de taekwondo. Passou a ensinar a modalidade, calcado em diversas experiências apreendidas.

O terceiro amigo, ao mesmo tempo em que estudava direito, mantinha seus treinamentos regulares, além de ensinar a modalidade em colégios e clubes. Era fascinado tanto por competição como pelo aperfeiçoamento das técnicas dos poomsaes. Ávido leitor, conhecia como ninguém a evolução técnica do taekwondo competitivo no mundo. Sabia como ensinar as técnicas de competição, bem como preparar técnica e taticamente um praticante interassado em competir. Desenvolvia todo o seu trabalho em parceria com preparadores físicos especialistas em treinamento desportivo.

O primeiro, formado em Educação Física, obviamente possuía CREF.

O segundo (administrador) era registrado em seu Conselho de Administração, obviamente não possuía CREF.

E o terceiro (advogado) tinha registro na OAB, por que teria CREF?

Se um aprendiz quisesse apenas praticar arte marcial, a quem você o indicaria?

Se um aprendiz quisesse tornar-se um grande campeão, a quem você o recomendaria?

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Colete eletrônico: CBTKD tem que viabilizar facilidade de aquisição

Com a chegada dos protetores eletrônicos, que vieram para ficar, descortina-se uma realidade para a qual é preciso que técnicos e atletas estejam atentos. As grandes escolas mundiais de taekwondo dos países que se destacam em competições mundiais já dispõem para o treinamento do dia a dia de seus atletas os tais coletes.

No Brasil, é preciso urgentemente que a CBTKD crie mecanismos para que a comercialização desses protetores seja facilitada, para que atletas interessados possam compra-lo.

É necessário acrescentar que as competições estaduais por todo o país estão ocorrendo ainda com os protetores convencionais. Sabe-se que o equipamento é caro, todavia é preciso envidar esforços para que as federações possam ter pelo menos quatro coletes em pleno funcionamento visando às competições estaduais e o costume com o encaixe dos socos e chutes.

Por outro lado, sabe-se que as federações não têm dinheiro em caixa para tal investimento. Cabe a CBTKD fazer a sua parte. A entidade nacional precisa compreender a importância dessa aquisição por parte das entidades estaduais. Em contrapartidada deve exigir que as competições estaduais, organizadas pelas federações, sejam realizadas com tais equipamentos, bem como devem fiscalizar se não vão desviar a utilização do equipamento para treinamento de atletas mais chegados aos próprios dirigentes.

Em suma, estamos perdendo tempo. Estamos ficando para trás. No Brasil, poucos atletas já lutaram com coletes eletrônicos. Cabe a CBTKD começar a pensar nessa situação de suma importância para um melhor desenvolvimento técnico de nossos atletas.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Taekwondo brasileiro precisa encontrar o caminho certo

Às vezes eu fico a pensar por que complicar coisas tão simples como por exemplo formar uma seleção nacional para competições internacionais. É difícil acreditar no sucesso de nossos atletas lá fora, mesmo torcendo por eles. Já no sucesso da Natalia Falavigna não temos dúvida, pois ela tem toda uma estrutura de apoio e a própria equipe de trabalho e ninguém a obriga a fugir de seu treinamento já pré-estabelecido visando as competições internacionais. Mas a Natalia é um caso a parte. No entanto, nem por isso, mereceria tratamento diferenciado no que concerne ao que seria melhor para o taekwondo brasileiro.
Vejamos o seguinte: A Equipe Olímpica Brasileira foi formada no início do ano por um grupo de atletas vencedores de uma Seletiva Fechada, para representar o Brasil nas competições internacionais ao longo de 2010. Todos os demais postulantes brasileiros que almejam a mesma oportunidade só a terão em 2011. Isso se vencerem os atuais titulares em nova Seletiva Fechada, já previamente marcada no final do ciclo.
Os postulantes que enfrentarão os atletas da EOB em momento seletivo único serão escolhidos em competições regionais e no Open Cidade Maravilhosa. Desses eventos retirar-se-ão campeões e vices. No entanto, das seletivas do Norte e do Nordeste, a proposta é que somente se classifiquem os campeões. A argumentação para esta tomada de decisão é a de que o nível técnico dos atletas destas regiões está abaixo do esperado e que basta apenas um. Ora, quer melhor oportunidade para melhorar o nível técnico de um atleta como a de pô-lo frente a frente com os melhores do Brasil? Felizmente, ficamos sabendo após publicação desse texto, que, por pressões políticas, os vice-campeões do Norte e do Nordeste também serão selecionados.
É preciso ter visão holística desse momento, para consequentemente se ter uma visão de crescimento do taekwondo competitivo brasileiro.
O pensamento de um dirigente não pode estar atrelado afetivamente ao dos atletas. O dirigente tem que pensar no melhor para o país. E o melhor para o país é termos durante um ano inteiro outros competidores na cola dos campeões.
A CBTKD tem que repensar o formato atual. Está mais do que provado que ele não dá certo.
A confusão de entendimento, em minha humilde opinião, reside no fato de que insistem em tratar o taekwondo como esporte coletivo. Mesmo no coletivo, os atletas lutam por seus clubes em competições estaduais e nacionais. Se juntam com a Seleção em épocas pré-determinadas e podem ser excluídos a qualquer momento.
Se o COB exige da CBTKD uma EOB (o que aliás não deveria e nem poderia exigir), porque quer pagar salário aos atletas, que ela continue a ser formada. Tudo bem. O cara que vencer a Seletiva Fechada fica durante aquele ano recebendo um salário. Sem problema. Mas isso não pode determinar que este atleta já esteja definido para todas as competições internacionais. Ele precisa estar melhor que todos os brasileiros de sua categoria na ápoca da competição. E para essa aferição, somente uma seletiva aberta e outra fechada. É nessa hora que faz falta um ranking, o qual me orgulho de ter criado em 2001 e que foi sumariamente deixado de lado a partir de 2003.
E para terminar, vejam o caso do Neymar do Santos. Se a CBF seguisse o modelo da CBTKD, com certeza ele já estaria fora da Copa. Pode até não ser convocado, mas todos nós sabemos que é um talento que pode fazer a diferença.