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domingo, 24 de julho de 2011

Analisando os resultados dos Jogos Mundiais Militares

Marcus Rezende

Fazendo uma análise sobre a participação dos atletas brasileiros na edição de número cinco dos Jogos Mundiais, pudemos perceber que a competição trouxe atletas fracos e outros de excelente nível técnico, o que acabou tirando de cena, logo de cara, alguns bons atletas brasileiros. Logo no primeiro dia, o Michael Soares (54 kg) e Josiane Lima (57 kg) pegaram de cara um iraniano e uma chinesa. Ambos foram os campeões de suas categorias. Restou aos dois brasileiros lutar pelo bronze e conseguiram. Diogo Silva (68 kg), por sua vez, confirmou sua melhor forma e detonou todos os seus adversários. Fernanda Mattos (49kg), apesar de ter somente cinco atletas na chave, tinha nesta competição de um lado uma chinesa e, do outro, a francesa Yasmina Aziez, 7ª do ranking da WTF. Talisca Reis (57 kg), nesta competição, mostrou que tem tudo para ser uma grande atleta, da mesma forma que Rafaela Pereira (até 67kg). Ambas possuem a perna muito solta e dominam algumas técnicas importantíssimas. Porém, precisam melhorar a condição atlética. Talisca venceu uma marroquina, uma alemã, mas parou na chinesa. Rafaela, com 10 atletas na chave, venceu facilmente uma venezuelana e uma bielorussa. Todavia, sofreu uma derrota fragorosa de 11 x 1 da marroquina Hakima el Meslahy (7ª do ranking mundial).

Aparecida Santana (62 kg), dentro de suas limitações técnicas, demonstrou grande obediência tática, ouvindo e executando o que pedia o técnico Vander Valverde, aliás, um excelente técnico. Ela venceu uma polonesa facilmente e uma grega com mais dificuldade. Mas quando pegou a chinesa Hua Zhang (5ª do mundo), não havia o que fazer. Os maiores méritos dessa competição cabem a Débora Nunes (73 kg), que lutou na categoria de cima e não se intimidou. Derrotou uma eslovena e uma alemã, para, em seguida, ganhar a medalha de ouro em cima da chinesa Yingying Han, campeã do mundo de 2009 e 5ª no ranking mundial. Já Hellorayne Paiva (+73 kg), enfrentou de cara a francesa Gwladys Epangue, bi campeã mundial, mas não fez feio. Tem que trabalhar para evoluir, mas tem um grande treinador ao lado para ajudá-la, Frederico Mittoka, da BTT de Piracicaba.

Kátia Arakaki (46 kg), apesar do talento e de uma bela técnica, tem como adversárias no circuito internacional atletas excepcionais. Nesses Jogos ela foi bronze em uma chave com seis competidoras. Dentre elas, duas conhecidas do cenário internacional, Ivette Gonda (CAN) e Zhaoyi Li (CHN), campeã e vice, respectivamente. Kátia conquistou a medalha vencendo a alemã Sumeyye Manz. A brasileira está muito bem. Mas precisa trabalhar mais a velocidade.


Marcel (63 kg) pegou um iraniano que sabia explorar muito bem o colete eletrônico. Os pontos feitos pelo iraniano eram imperceptíveis. Mesmo aplicando dois tui tchaguis fortes, Marcel não conseguiu pontuar. Ele foi para o golden point e deixou a lateral esquerda desguarnecida de bloqueio e recebeu um bandal de direita. Não seguiu na busca do Bronze, porque o iraniano perdeu em seguida. Rafael Cruz (74 kg) perdeu para o atletas da seleção principal da França, Mokdad Ounis. O francês tem sua força na perna esquerda, mas possui limitações. Porém, Rafael não conseguiu vencê-lo. André Bilia (80 kg), caiu frente ao chinês Guo Zhu (25º do ranking), logo na primeira luta e não pode seguir em frente. Douglas Marcelino (87 kg) também caiu frente a um iraniano, curiosamente o 123ª do ranking mundial. Já Leonardo Santos (+87 kg), mesmo fora de forma, mostrou que, em alguns momentos é preciso raça e mais raça. Voltando de uma lesão no joelho, venceu na semifinal o coreano e quase apagou o iraniano com um tolho tchagui de direita no queixo a 30 segundos do final.

Márcio Wenceslau (58 kg) foi perfeito. É um grande atleta. Surpreendente. Diria somente que precisa trabalhar a ansiedade quando está vencendo uma luta difícil. Nessas horas, Márcio sempre busca travar o combate para o tempo passar, o que o faz receber muitas advertências. Nesta competição, seria Ouro, se não fosse prejudicado pela arbitragem. Estava muito bem, poderia ter detonado o coreano se a estratégia tática fosse diferente. Foi dono do melhor nocaute da competição. Vejam no link abaixo:

http://www.youtube.com/watch?v=hIRNwkva1c8

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Fluminense abre as portas para o Taekwondo

A Escola de Taekwondo de Niterói, HighwayOne, dirigida pelo mestre Ricardo Andrade e supervisionada por mim, está chegando às Laranjeiras com o professor José Paulo Gurgel. A madrinha desta nova empreitada para a modalidade no Rio é a nossa medalhista de Bronze nas Olimpíadas de Pequim, a atleta Natália Falavigna. No site oficial do clube, o professor disse que a expectativa é a melhor possível: “Temos um grande clube, em uma grande cidade, com uma grande madrinha. No médio e no longo prazo já poderemos formar praticantes e atletas de futuro”, previu o jovem professor, 3º Dan, que torce para o time tricolor.

Leia a matéria por inteiro no site do Fluminense Futebol Clube

http://www.fluminense.com.br/site/olimpico/noticias/1988/flu-e-o-primeiro-grande-clube-do-rio-a-oferecer-escolinha-de-taekwondo/

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Analisando a final entre Bagheri e Tazegul

























A esquerda

Mohammad Bagheri (quando venceu os Jogos Asiáticos 2010)
e Servet Tazegul (na conquista do Mundial 2011)


Quem viu a luta do iraniano Mohammad Bagheri contra o turco louco Servet Tazegul, na final da Seletiva Mundial para as Olimpíadas de Londres, no início deste mês, pode perceber por parte do iraniano uma significativa mudança de estratégia em relação a que manteve na final do Mundial, no início de Maio, contra o próprio Tazegul, quando perdeu de virada. Levando-se em conta que ambos já estavam classificados quando fizeram a final da Seletiva Olímpica, assim mesmo nenhum dos dois quis abrir mão da primeira colocação. Em Seletivas Olímpicas Mundiais passadas, houve finais que não ocorreram, pois um dos finalistas deixava de lado o primeiro lugar.
A luta, apesar de não ter sido nem sobra da empolgante final do Mundial deste ano, mostrou contornos táticos diferentes, os quais merecem uma análise cuidadosa por parte da Comissão Técnica da Seleção Brasileira e dos treinadores de Diogo Silva.
Bagheri, desta vez, não deu espaço para que o turco louco decolasse. Manteve-se próximo o tempo inteiro, clinchando logo na raiz do movimento inicial.
Rápido e de técnica apuradíssima, o iraniano, que é também um dos favoritos ao Ouro Olímpico, soube neutralizar a maior parte dos movimentos pliométricos do turco. Porém, Tazegul, medalha de bronze nas Olimpíadas de Pequim, mais maduro e consciente, não foi tão louco quanto das outras vezes. Ele soube atender aos pedidos do técnico que percebeu taticamente que o caminho da vitória teria de ser sem o espetáculo que todos queriam assistir. Nesta luta, o turco louco também provou que está preparado para combates mais táticos.

sábado, 2 de julho de 2011

O adeus de um amigo

Peço licença para prestar uma homenagem a um amigo fraterno que faleceu no último dia 29 de Junho e que me causou enorme tristeza. Paulo Sérgio Baptista Gil.

Para os taekwondistas da Moo Duk Kwan do Rio de Janeiro, o Paulinho; para os profissionais da tatuagem, simplesmente “Pause”.

Paulinho foi meu amigo de infância. E Quando digo amigo fraterno é porque tinha por mim uma enorme consideração, pouco encontrada em alguns que dizem ser amigos, mas que na verdade...bem deixa pra lá.

Eu o conheci aos 13 anos. Ele tinha a mesma idade. Quando iniciei no taekwondo, foi quem muito me motivou a montar a própria academia. Ele mostrava-se mais entusiasta do que eu mesmo. Sempre me dava força para aprender as técnicas daquela novíssima arte marcial. Aos 18 anos, quando montei minha academia no bairro onde morávamos, ele foi o primeiro a se matricular. Daí por diante, além de amigo, tornou-se um grande parceiro.

Filho único, ainda jovem perdeu a mãe e teve que caminhar sozinho. Formou-se em Educação Física e Faixa Preta de Taekwondo. Começou a dar aula na AABB Tijuca tanto de Taekwondo como de Musculação.

No início da década de 90, quando eu estava trabalhando na Federação do Rio de Janeiro, organizando todas as competições estaduais, era ele quem acordava cedinho para me ajudar a montar as quadras e posicionar mesas e cadeiras, para o evento.

Em meados da década de 90, quando sofri grande injustiça na comunidade Moo Duk Kwan - o que quase me fez largar o taekwondo -, foi ele quem se mostrou solidário, dando-me total razão aos problemas que enfrentei.

Em março de1996 nascia sua filha, quatro dias depois a minha. Ficávamos, naquele ano, apostando quem teria primeiro o prazer de ter nas mãos a maior razão de nossas vidas.

Nos últimos quatro anos vinha sofrendo com a diabetes. Na última conversa que tivemos, no entanto, estava feliz, pois havia feito seu exame para 4º Dan. Brinquei com ele dizendo que estava mais do que na hora.

Teria muito que falar desse grande amigo. Mas deixo essa pequena lembrança para registrar a saudade que esse cara vai deixar.