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terça-feira, 9 de março de 2010

Primeiro a arte marcial, depois a competição

Outro dia estava revendo uma fita minha de 1984. Foi quando pela primeira vez uma equipe coreana esteve no Brasil para fazer um intercâmbio. Eram 10 categorias. A minha era a segunda. Lutei contra um coreano chamado Ham Jum, que viria a se tornar campeão mundial 5 anos depois. Daquela equipe gloriosa do Brasil, apesar de muito esforçado, sabia de minhas limitações e não havia como fazer muita coisa frente aquele coreanozinho de apenas 16 anos, como fizeram Carlos Eduardo Loddo (O Caroço) e Carlos Fernandes (O Carlinhos). Ambos deram muito trabalho aos coreanos.

Naquela época, o taekwondo era muito praticado no Rio e em todo o Brasil. No dia desse memorável encontro Brasil X Coréia, o Tijuca Tênis Clube estava lotado.

Daquele momento em diante o taekwondo arte marcial (praticado por nós brasileiros) não seria mais o mesmo. Ele passaria a ser o taekwondo competição dos bandais, dos clinches, dubais etc. Enquanto levantávamos a perna para aplicar nérios, yops e mondolhos, os coreanos entravam bandal por baixo e tolhos puxados de trás com velocidade impressionante.

A promessa de que a arte marcial se tornaria esporte olímpico tirou o foco da grande maioria dos professores que passou a formar atletas de competição, deixando a de lado a preocupação com a essência da arte marcial.

Coincidência ou não, o fato é que os praticantes começaram a sumir das academias. Os professores custaram a entender que o foco no olimpismo não poderia ser o carro chefe de suas academias. Os professores deveriam continuar a enfatizar os Ap Tchaguis (acompanhados de dois socos), os Yop Tchagui e Kulo Yop Tchagui (semi-pulo que notabilizou Bruce Lee) e, sem dúvida, não negligenciar com os saltos e giros, movimentos que sempre caracterizaram o taekwondo.

O taekwondo enfeiou e afastou o praticante. Custou e ainda está custando o professor entender que o aluno, primeiro entra na academia pensando em aprender a se defender. Depois, com o decorrer das aulas marciais, é que se descobre, ou não, competidor.

A CBTKD e as Federações de todo o Brasil precisam parar e refletir sobre este assunto, pois só teremos um bom número de bons competidores se primeiro tivermos uma enorme quantidade de praticantes treinando nas mais diversas academias de todo o Brasil.

sexta-feira, 5 de março de 2010

TAEKWONDO BRASILEIRO AGONIZA

É com muita tristeza que vejo hoje os caminhos pelos quais estão sendo conduzidos o taekwondo brasileiro. Cada dia que passa fico mais decepcionado com o jeito de administrar da Confederação Brasileira de Taekwondo, que tem como titular o grão-mestre Jung Roul Kim, quem me ensinou todas as técnicas de arte marcial do taekwondo. Pessoa que respeito como grande conhecedor da arte marcial, mas que me oponho frontalmente quando o assunto é administração de entidades. O grão mestre não está indo pelo caminho certo, pois em vez de divulgar o taekwondo de forma mais incisiva, esquece-se que esse seria o principal papel que deveria desempenhar.
No aspecto técnico, o meu amigo Fábio Goulart também utiliza um sistema que, na minha opinião, é completamente furado. Pra mim, esse negócio de seletiva no início do ano mantendo os atletas na seleção durante todo o calendário esportivo da CBTKD não é o mais sensato. No entanto respeito suas intenções.
Eu sempre disse ao Fábio, ao Madureira, ao Negrão e a diversos outros treinadores que é preciso fazer com que os atletas brasileiros tenham a oportunidade de fazer intercâmbio internacional dentro do próprio país. E para que isso aconteça, basta que ocorram competições seletivas com a aparticipação dos principais atletas. Eu não entendo como até hoje, por exemplo, o Mauro Hideki e o próprio Fábio nao criaram o ranking nacional.
O Mauro é um cara supercompetente. Ele, juntamente com o Fábio, o Madureira e o próprio Negrão, criariam um ranking com os pés nas costas. Isso seria o primeiro passa de diversos outros que precisam ser dados.