Marcus Rezende
Caso Carlos Fernandes realmente assuma a CBTKD, há um assunto do qual terá que posteriormente se debruçar para resolver com lucidez. Trata-se do poder dos mestres brasileiros examinarem seus faixas pretas, independentemente do aval da federação a que pertença ou de outro estado. Se será necessário um regulamento para isso, que fique claro tal liberdade. Não é possível que a situação dos estados seja vista como se vivêssemos ainda em capitanias hereditárias. Ou seja, um mestre precisar pedir autorização a uma federação para poder examinar dentro de outro estado é ilegal, imoral e se configura em enorme retrocesso.
Há quem defenda que os exames devam ser monitorados pelas federações. Pois bem, respeito quem assim pensa. Todavia, para mim isso é utopia; monitorado ou não, bons e maus profissionais sempre vão existir em todas as áreas. As entidades têm mais em que se preocupar. Não podem despender tempo em fiscalizar se o sujeito está apto ou não a ser faixa preta. Se o camarada sabe ou não sabe executar um AP KUBI PALMOK ARE MAKI.
Vamos a um exemplo. Fulano é mestre 6º Dan e ensina no Espírito Santo. Possui mais de 300 alunos. Tempos depois, quatro deles (1º Dan) se mudam para outros estados e começam a ensinar taekwondo. Montam suas academias e obtêm bastante sucesso. Ao final de seis meses constituem um grande número de alunos e vão precisar examiná-los. Como ainda não são mestres, não podem fazê-lo. Quem deve ter o direito de examinar estes alunos? As bancas examinadoras das federações daqueles estados ou Fulano? Eis o gargalo.
É lógico que Fulano, pois além de ser mestre, possui o vínculo legítimo e direto com seus discípulos, não importando em que estado seja. Portanto, o fato de um mestre ir a um estado fazer exames deveria, já, há bastante tempo, ser encarado como algo normal, porque ANORMAL é o impedimento com a pecha de ILEGAL.
É como se o CERTO fosse o mestre dizer ao discípulo: “Olha, meu filho, você treinou comigo por todos estes anos e agora que está ensinando em outro estado, o seu mestre será aquele que o presidente da federação lhe indicar” .
Agora eu pergunto: se os presidentes das federações fossem trocados, os atuais, fora do poder, levariam seus alunos para serem examinados por uma banca escolhida pelo novo presidente?
É a velha máxima: pimenta nos olhos dos outros é refresco.