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terça-feira, 14 de agosto de 2012

Analise do Taekwondo nas Olimpíadas de Londres

Marcus Rezende

Prevaleceu nestas Olimpíadas a habilidade na execução dos chutes altos. O que antes era uma tática arriscada, por conta das precisas entradas em bandal por baixo, hoje se tornou essencial para quem pensa em lograr êxito nas competições vindouras, pois o colete eletrônico tem se mostrado muito traiçoeiro, mesmo àqueles que o atingem com eficiência.
Antes de uma análise (categoria a categoria), é preciso que se diga que Natalia Falavigna e Diogo Silva fizeram bonito e não podem ser criticados por não conseguirem avançar às medalhas. Diogo foi perfeito, mas ficou nas mãos dos árbitros na luta semifinal e Natalia perdeu para uma coreana. Decerto que foi flagrantemente prejudicada pelo Árbitro Central. Porém, mesmo sem o grave erro, uma derrota para a excelente atleta In Jong Lee não seria nenhum demérito para Natalia, que fez nove pontos na adversária, apesar dos 13 sofridos, demonstrando que estava no nível que se esperava dela.
Vamos analisar todas as categorias.
No Masculino até 58 Kg, todos os quatro medalhistas tinham mais de 1,80m de altura e usavam a perna da frente como movimento principal. Joel Bonilla (ESP), foi quem melhor soube executar as novas valências técnicas objetivando sempre pontuar mais que os adversários. E assim o fez na final contra o coreano de 20 anos, Dae Hon Lee.
No Masculino até 68 Kg, prevaleceu a escola do turco louco, Servet Tazegul, que não tem medo de atacar o tempo inteiro, utilizando um arsenal de chutes que alavancam o placar. O turco também tem habilidade suficiente para trocar taticamente no ponto a ponto, como fez na final contra o iraniano Mohammad Bagheri.
No Masculino até 80 Kg, o argentino Sebastian Crismanich encheu os olhos dos taekwondistas saudosistas de um taekwondo mais forte e marcial. Até a hora de sua estreia, muita gente postava nas redes sociais que os toques leves na cabeça sobrepujaria os disparos fortes com a perna de trás. Crismanich mostrou o contrario com entradas firmes objetivando o nocaute. O argentino derrotou seus oponentes sem abrir mão de suas valências. Fez a final contra o espanhol Nicolas Garcia, o qual (do outro lado da chave) vencia suas lutas utilizando-se da perna da frente com tolhos tchaguis, tão somente buscando os pontos. O argentino não deu chances para o espanhol e a luta que se viu foi a vitória do taekwondo forte, veloz e violento, contra o taekwondo técnico e tático dos pontos.
No Masculino acima de 80 Kg, foi onde residiu a maior surpresa entre os homens, pois ninguém poderia imaginar que o italiano Carlo Monfetta, com os seus 1,83m de altura, pudesse arrebatar o Ouro Olímpico.
Quando ele chegou a semifinal para enfrentar o gigante Dabo Modibo Keita (MAL), de 2,03m, dificilmente poderia se achar que o italiano pudesse vencê-lo. Mas Molfetta (que em 2004, em Atenas, era da categoria de Diogo Silva e para ele perdeu), foi taticamente perfeito contra o gigante africano. Ele manteve-se próximo para executar, em primeiro tempo, chutes por dentro da perna esquerda do malinense.
Porém, mais surpreendente foi o oponente do italiano na final: Anthony Obame, do Gabão, treinado pelo espanhol Juan Antônio Ramos (bicampeão mundial 1997/2007). Obame apresentou, nas lutas que o levaram à final, uma técnica fabulosa e um chute alto extremamente veloz. Na final, depois de um empate em 9x9, ficou com a Prata por decisão dos árbitros.

No Feminino até 49 Kg prevaleceu o favoritismo da campeã olímpica e mundial, Jingyu Wu. Sua técnica? Nerio de direita. Mas então é só marcar e contra-atacar. Não é assim tão simples; é como se fosse o Garricha. Todos sabiam que o Mané pegaria a bola e cairia para a direita, porém ninguém conseguia pará-lo. E assim a chinesa foi desbancando Elizabeth Zamorra (GUA, 10 x 2), Erica Kasahara (JAP, 14 x 0), Lucija Zaninovich (CRO, 19 x 7) e a velha rival Brigitte Yague (ESP, 8 x 1). Ouro incontestável.
No Feminino até 57 Kg. A Japonesa Mayu Hamada, havia eliminado uma das favoritas, a croata Ana Zaninovich, utilizando as mesmas armas que fez da croata campeã mundial ano passado: o chute alto com a perna da frente (14 x 11). Porém ao pegar, na segunda luta, a britânica Jade Jones, não conseguiu fazer o mesmo, e a revelação britânica infligiu-lhe um placar de 13 x 3. Aí, Jade precisaria passar pela número 1 e 2 do ranking olímpico, respectivamente, para subir ao pódio e colocar a medalha de Ouro no peito. E assim o fez contra a fabulosa Tseng Li Cheng (TPE, 10 x 6) e Yuzhuo Hou (CHN 6 x 4).
No Feminino até 67 Kg, quando muitos achavam que a final seria entre Coreia e Grã-Bretanha, a americana Paige McPherson tratou de modificar a história, tirando do páreo Sarah Stevenson. Do outro lado da chave, ainda estava uma campeã olímpica e bi mundial que não tinha nada com isso e ia desbancando (do seu lado) uma a uma até chegar a final e passar o carro. O termo é este: passar o carro, pois Kyung Seon Hwang sobrou e encheu os olhos de quem aprecia um taekwondo vistoso, técnico e de força. Ela arrebatou o Ouro da turca Nur Tatar por 12 x 5.

A maior de todas as surpresas estava reservada para o Feminino acima de 67 Kg. As apostas recaiam para a mexicana Maria Spinoza, a coreana In Jong Lee; a francesa Anne Caroline Graff e, porque não, a brasileira Natalia Falavigna. Porém, quando a Servia Milica Mandic colocou sobre a Crawley Talitiga (Samoa) um placar de 16 x 2, o alerta se acendeu. Começava ali a aparecer a mais eficiente das atletas que utilizam chutes seguidos no rosto com a perna da frente. E não foi diferente, quando jogou a campeã olímpica de Pequim, a mexicana Maria Spinoza, para a disputa do bronze, vencendo-a por 6 x 4.
Aí foi a vez da russa Baryshnikova, possuidora de habilidade semelhante. Porem, Milica passou por cima e impôs a ela um placar de 11 x 3. Teria de enfrentar na final a francesa Graff, primeira do ranking mundial Olímpico, que chegara também credenciada por grandes vitórias contra In Jong Lee (KOR) e Glenhis Hernandez (CUB). Porém, o improvável aconteceu: a sérvia venceu por 9 x 7.

Você sabia

Que em Setembro se encerra o prazo para a inscrição de chapas dos que queiram concorrer a presidência da CBTKD, que será em Março de 2013? O Presidente Provisório atual, que arbitrariamente modificou o estatuto da entidade, por meio de uma AGE, criou regras que praticamente impedem a concorrência. Vamos lembrar algumas das aberrações aprovadas, incluíndo as atentatórias à Constituição do país. Para ser presidente, o candidato precisa ter mais de 40 anos (nem para ser Presidente da República tal idade é exigida); precisa ser brasileiro nato; precisa ter presidido uma federação por pelo menos cinco anos; ser indicado por sete federações (antes, bastava uma); fazer a inscrição da chapa com 180 dias de antecedência (anteriormente, bastava inscrevê-la 24 horas antes do pleito). E ele se diz um democrata...