Marcus Rezende
A Escola de Taekwondo
Highway One, em Niterói ,no RJ, que eu supervisiono e que é dirigida pelo mestre
Ricardo Andrade, procura manter a tradição brasileira de cobrança
de honorários (trazida pelos mestres coreanos) aos que são
examinados, compensando os instrutores, professores e mestres da
escola com percentuais condizentes com a graduação que possuem. Acreditamos que
o honorário visa estabelecer uma espécie de pensão ao mestre que, idoso, não teria mais a mesma
saúde para ensinar. Entretanto, essa cobrança em nossa escola - que
contempla a todos os envolvidos de forma gradual - segue um nível
de razoabilidade, no que se refere a valores, além de ser definido
pela própria escola, sem nenhuma interferência de qualquer entidade
de administração.
Quando verifico uma
federação estabelecendo tabela de valores de exames de faixa, fico
estupefacto. É como se o taekwondo, os professores e mestres
tivessem aparecido depois delas. É como se a federação tivesse
primeiro sido criada e depois viessem o corpo docente da modalidade.
É simplesmente surreal e que só acontece no Brasil por conta do
nosso subdesenvolvimento intelectual.
Às vezes é bom
deixar explicadinho as coisas, como se o praticante e os dirigentes
fossem criancinhas de cinco anos.
Então, vamos lá. Como a
modalidade marcial aparece em determinado lugar? Resposta:
por meio de alguém que resolve ensinar. Certo? Alguém acha que é
diferente? Esse alguém começa a formar os que vão ensinar a
modalidade. Depois, quando a coisa se espalha, surge a ideia de se
criar uma entidade que organize eventos para estes praticantes. Daí,
forma-se associações e as federações. Estas entidades vão
precisar de filiados, correto? Elas vão mostrar ao instrutores,
professores e mestres (que já realizam o seu próprio trabalho) as
vantagens de se associarem. Uns vão querer entrar e outros não.
Normal. Caberá à entidade mostrar a estes professores e mestres as
vantagens em levar seus praticantes a se filiarem. Isso é o normal,
correto e o que está na Lei do país. Não pode ser diferente.
Mas no Brasil é
diferente. As federações criam regras que obrigam os que ensinam a
se filarem e a submeterem seus alunos a banca examinadora destas federações. Os dirigentes se acham acima do bem e do mal. E pior, os
instrutores, professores e mestres, mesmo achando errado, se
submetem, por medo. Temem que a federação faça algo que os impeça
de continuar ensinando.
Eu diria aos
instrutores, professores e mestres de todo o Brasil: ninguém pode
impedir você de ensinar taekwondo. Se alguma entidade tentar fazer
isso, entre com um processo contra ela e saiba que você vai ganhar
um bom troco de indenização por dano moral e material. Diria mais:
deem uma banana a estas entidades que quiserem impor a vontade delas
a vocês. Se não for vantajoso para o seu grupo, saia fora. Eles não
vão poder fazer nada, pois a Constituição do país protege toda atividade não estabelecida em lei. Façam o seu
trabalho de forma independente. A menos que você não consiga viver
sem competir nos estaduais destas entidades. Aí, meu amigo, se a o
taekwondo marcial não é o mais importante, se submeta aos ditames
destes dirigentes e boa sorte.
Minha sugestão é que
cada mestre tente se registrar diretamente à Kukkiwon, realize seus
exames de faixa e registre seus atletas diretamente lá, como fazemos
aqui no Rio de Janeiro na Escola Highway One. Dai, no dia que aparecer um dirigente que passe a cumprir a lei e compreenda que é ele quem precisa de você e não o contrário, registre-se.