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domingo, 25 de janeiro de 2009

Exame de faixa deveria ser uma “Corrente do Bem”

Marcus Rezende

A cobrança da taxa de exame de faixa tem um propósito, o qual se justifica. No entanto, no Brasil esse propósito nunca foi posto em prática e sempre serviu a poucos e foi uma instituição esdrúxula e sem sentido prático. Vejamos o que diz o professor ou mestre quando convoca o aluno para fazer exame e é questionado por ele ou pelos pais sobre o motivo da cobrança de tal taxa. As respostas são tão vagas que não sustentam qualquer tipo de indagação um pouco mais inteligível. Os professores ou mestres, simplesmente, dizem que é um taxa obrigatória, deixando no ar o objetivo real dessa cobrança: que é simplesmente um honorário ao mestre que aplica o exame. Todavia, se o pai do aluno perguntar: “por que temos que pagar esse honorário?” Aí, a coisa se complica para o professor e mestre que vai ter de sofismar e dizer que sempre foi assim...”.Logicamente que, na maioria absoluta dos casos, por medo e um respeito imposto, alunos e pais não falam nada. Eles pagam a taxa e pronto.
Agora vejamos se essa instituição chamada EXAME DE FAIXA seguisse o propósito para o qual realmente foi criado. E qual é esse propósito? O propósito de servir como uma espécie de pecúlio previdenciário ao mestre, o qual ao se tornar idoso, não terá a mesma saúde para ensinar. Mas como assim?
Os coreanos que chegaram ao Brasil na década de 70, em plena saúde física, e que hoje beiram a casa dos 70 anos, deveriam ter seguido um modelo que contemplasse a todos os professores desde o início da década de 70. Antes que os instrutores brasileiros surgissem, todos eram alunos e pagavam as taxas de exame de forma integral ao seu mestre. Quando surgiram os primeiros professores, as taxas de exame dos alunos desses professores continuaram a ser repassadas para o mestre coreano em sua integridade, sem que recebessem um tostão sequer. E assim foi por cerca de 15 anos, até o momento em que, de forma não linear, os mestres coreanos começaram a dispensar percentuais aos professores. Nesse momento, para que não houvesse uma perda de receita, os exames foram aumentados drasticamente. No entanto o que poderia ser uma conquista não seguia uma coerência, pois todos os faixas-pretas formados por brasileiros passavam (do momento em que se graduavam 1º dan) a ser alunos diretos do mestre coreano. O professor brasileiro só detinha o poder sobre o aluno até o 1º Gub. E aí, os percentuais das taxas de exames desses novos faixas-pretas (que passavam também a ser professores) iam diretamente para o mestre coreano, os quais nunca se preocuparam em manter a corrente: a “Corrente do Bem”.
É justamente esta corrente (QUANDO APLICADA) que deixa qualquer professor ou mestre sem medo de ter de justificar para alunos e pais o porquê da cobrança das taxas, pois tal cobrança tem uma finalidade nobre, na qual todos participam, mesmo aquele que está pagando o seu primeiro exame, pois ele também (quando chegar à faixa-preta) fará parte dessa corrente, quando começar a ensinar. Portanto, por essa ótica, o que menos importa é o valor que se cobra pelo exame, pois a taxa honorária paga, é repassada a mãos diversas, seguindo uma “CORRENTE DO BEM” na qual em sua extremidade está o grão-mestre (já idoso) recebendo um pequeno percentual de uma base imensa de mestres e professores, ou seja, um pouquinho de muitos.
Aos mestres brasileiros, que desenvolvem um trabalho independente com seus alunos, fica a mensagem de não cometerem o mesmo erro, pois a idade chega para TODOS.

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