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quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Mestre Renato Ribeiro fala sobre sua participação no Mundial de Poomsae

Mestre Renato Ribeiro no Congresso Técnico do Campeonato Mundial ralizado na Turquia


Nesse entrevista, o mestre Renato Ribeiro, 6º Dan, conhecido por todos como Renatinho, conta com exclusividade ao Taekwondo Opinião como foi sua participação no III Campeonato Mundial de Poomsae, realizado na Turquia entre os dia 17 e 19 de dezembro, no qual participaram além dele, o mestre Fabiano Morciani e Rodrigo Freitas.

TKD Opinião - Verificamos que dessa vez a Coréia não conseguiu levar todas as medalhas de ouro. Como você avalia o nível de evolução de países como Iran, Espanha e Turquia?

Renato Ribeiro - Verdade. A Coréia não levou todos os ouros, mas também não levou toda a equipe. Os países que estão no topo acreditam bastante no taekwondo em um aspecto geral (kiorugui, poomsae e moodô) e treinam com seriedade e responsabilidade com sua pátria, a qual está representando é bem claro o entusiasmo das equipes durante os treinos. Da para ver a preocupação com os detalhes; um corrigindo o outro, enquanto o técnico, no congresso, briga pelos seus direitos; questionam o tempo todo e não saem do congresso sem dúvidas. Este é o ponto forte do crescimento dos países que se destacam, independentemente do técnico ser coreano ou não... da Coréia estar com a equipe completa ou não. Nosso Brasil não está muito longe de estar no topo. Isso se depender dos atletas. Infelizmente os dirigentes não estão a fim de investir nesta nova categoria de competição, não sei por quê!!!

TO - Em sua avaliação o que falta ao poomsae brasileiro, para que os atletas brasileiros possam competir em igualdade de condições?

RR - A principio temos que nos policiar em relação à unificação. Temos que tentar colocar na cabeça dos professores que é preciso mudar e acompanhar o mundo do taekwondo e tentar unificar nossa metodologia de ensino em relação à aplicação das técnicas. Nada adianta se eu disser que: a maneira do meu mestre é a melhor e é desta maneira que eu vou seguir e, definitivamente, não vou mudar, e sim seguirei meu mestre fielmente. Em seguida devemos ser mais humildes e aceitar a opinião dos amigos mais atualizados, independentemente da graduação. Aí seremos competidores de grande nível técnico de poomsae, kiorugui ou moodo, lembrando que material humano nos temos; precisamos é de apoio financeiro ou de um dirigente com projeto de excelente elaboração e confiança para apresentar às grandes ou até mesmo às médias e pequenas empresas.

TO - Fazendo uma auto-análise técnica de sua participação, você acha que foi justa a sua colocação e que realmente há uma diferença técnica muito grande entre os brasileiros como você e o Fabiano Morciani, para coreanos, espanhóis e outros atletas?
RR - Sim, minha colocação foi mais do que justa. Em relação à diferença técnica eu posso dizer que estamos iguais; o índice técnico está muito bom e equilibrado. Precisamos treinar o tempo de aplicação, o momento de contração e explosão muscular aplicada nas técnicas de chutes e socos, nas bases, equilíbrio, grito, olhar, seguir o diagrama corretamente e etc.

TO -E quanto ao aspecto político. Até que ponto você acha que o fato de o Brasil não ter força política internacional prejudicou o resultado de vocês e ainda poderá prejudicar outros bons atletas brasileiros?

RR - Estamos no começo e as federações que se propõem a sediar o Mundial de poomsae naturalmente precisam ter na classificação geral uma posição de no mínimo quarto lugar, uma questão de compromisso, de retorno em nível de mídia, pois é isso que esperam os patrocinadores. Como eu disse no inicio, a Coréia não levou sua equipe completa como já havia anunciado em 2008 no segundo mundial, e de que algumas categorias coreana estariam fora para dar oportunidade a outros países de chegar à conquista de medalhas, e o Brasil é o único sem técnico, delegado sem estrutura política. Com certeza, isso não viabiliza a oportunidade para uma disputa muito leal. Temos que ser guerreiros e melhorar cada dia mais nossa participação e é por este motivo que fui e vou tentar ir nos próximos campeonatos para deixar claro que o Brasil não está fora desta festa e futuramente poderei ver amigos ou alunos de amigos meus nesta festa que acima de tudo é muito bonita

TO - Conte alguma coisa que você viu e que, em seu modo de ver, influiu positivamente a algum país por ter influência política?

RR - Sim, na categoria sênior II (Mestre Fabiano Morciane). Eles dividiram os 35 atletas em duas áreas de competição e com o decorrer da disputa, na área A todas as médias estavam acima de 8 e na área B todas as medias estavam abaixo de 7,95, apenas uma e única media chegou há 8,05 e era justamente de um competidor da Turquia. O mestre Fabiano tinha a media de 8,10 e não foi para a disputa seguinte e o atleta da Turquia simplesmente estava na final e chegou a ficar na quinta colocação geral da categoria, lembrando que não aconteceu sorteio de quem ficaria na área A ou B e também não foi dito no Congresso que eles eliminariam 50% de cada área, e não da categoria, como aconteceu nos dois anos anteriores, que seguiu o regulamento da WTF. E este regulamento não mudou; simplesmente eles fizeram da maneira deles. Será por quê?

TO - Qual foi o apoio financeiro que você, o Morciani e o Rodrigo receberam da CBTKD? Vocês tiveram os custos de viagem, estadia e alimentação pagos pela entidade?

RR - O Morciani e o Rodrigo, eu acredito que eles têm um pequeno patrocínio da Secretaria de Esporte de São José dos Campos e outros apoios de pequenas empresas. Eu fiz um pequeno empréstimo e vou pagando como posso. Quanto à CBTKD, nada a dizer.

TO - Quais as coisas mais interessantes que você vivenciou e importante a ressaltar sobre esta competição?

RR -O mais importante para mim foi ver que todos estão interessados nesta nova modalidade de competição e investem pesado com suas equipes. Portugal, na primeira edição deste evento, estava com um numero pequeno de atletas e no ano passado, se não me engano, eles não participaram. Este ano, estavam entre os oito finalistas. Outro interessante acontecimento foi a participação dos 51 países, já que esperávamos um numero bem reduzido devido a data e mês do ano. Eles pretendem criar outra categoria: acima de 60 anos. Seria o máster III. Alguns técnicos entraram com este recurso tendo em vista um atleta de 50 anos disputar com um de 65 ou mais, já que têm aparecido atletas com bastante idade. Esta é a parte mais interessante e importante para mim. É emocionante ver um senhor ou senhora fazendo poomsae individual, dupla ou em equipe com o maior prazer, cheios de vigor, auto-estima elevadíssimo e felizes da vida por estar entre os jovens fazendo exatamente a mesma coisa, sem limitações sendo cobrado da mesma forma, achei dez.

TO - Faça as considerações finais sobre algo que eu não tenha lhe perguntado.

RR - Meu amigo e mestre Marcus, eu não tenho muito o que dizer. E você é muito mais conhecedor do que eu. Acho que não faltou nada e me desculpa se não fui claro às respostas. Eu agradeço a Deus por estar me dando oportunidade de participar destas jornadas e poder trazer o mínimo e fazer o Máximo, para que os profissionais do taekwondo se atualizem, mas não desrespeitando seus respectivos grão-mestres ou mestres, mas sim interagindo com outros que sejam mais graduados ou não, coreanos ou não. Não importa a nacionalidade, o que importa é que o taekwondo é único. Desejo a todos os taekwondistas um belo e vitorioso 2009. Grande abraço para todos.

Um comentário:

Unknown disse...

É dessa maneira que vemos um verdadeiro Mestre em Artes Marciais.

Falando com humildade e muita tranquilidade, de todas as suas habilidades e vontades, sem ofender ou atacar outras pessoas.

Por isso que sou fã dele.

Obrigado por tudo Mestre Renato Ribeiro, e tenha muita honra e orgulho, em ter o senhor como mestre.

E um grande abraço ao Mestre Marcus Rezende!!!!

Abcs