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terça-feira, 4 de maio de 2010

Taekwondo brasileiro precisa encontrar o caminho certo

Às vezes eu fico a pensar por que complicar coisas tão simples como por exemplo formar uma seleção nacional para competições internacionais. É difícil acreditar no sucesso de nossos atletas lá fora, mesmo torcendo por eles. Já no sucesso da Natalia Falavigna não temos dúvida, pois ela tem toda uma estrutura de apoio e a própria equipe de trabalho e ninguém a obriga a fugir de seu treinamento já pré-estabelecido visando as competições internacionais. Mas a Natalia é um caso a parte. No entanto, nem por isso, mereceria tratamento diferenciado no que concerne ao que seria melhor para o taekwondo brasileiro.
Vejamos o seguinte: A Equipe Olímpica Brasileira foi formada no início do ano por um grupo de atletas vencedores de uma Seletiva Fechada, para representar o Brasil nas competições internacionais ao longo de 2010. Todos os demais postulantes brasileiros que almejam a mesma oportunidade só a terão em 2011. Isso se vencerem os atuais titulares em nova Seletiva Fechada, já previamente marcada no final do ciclo.
Os postulantes que enfrentarão os atletas da EOB em momento seletivo único serão escolhidos em competições regionais e no Open Cidade Maravilhosa. Desses eventos retirar-se-ão campeões e vices. No entanto, das seletivas do Norte e do Nordeste, a proposta é que somente se classifiquem os campeões. A argumentação para esta tomada de decisão é a de que o nível técnico dos atletas destas regiões está abaixo do esperado e que basta apenas um. Ora, quer melhor oportunidade para melhorar o nível técnico de um atleta como a de pô-lo frente a frente com os melhores do Brasil? Felizmente, ficamos sabendo após publicação desse texto, que, por pressões políticas, os vice-campeões do Norte e do Nordeste também serão selecionados.
É preciso ter visão holística desse momento, para consequentemente se ter uma visão de crescimento do taekwondo competitivo brasileiro.
O pensamento de um dirigente não pode estar atrelado afetivamente ao dos atletas. O dirigente tem que pensar no melhor para o país. E o melhor para o país é termos durante um ano inteiro outros competidores na cola dos campeões.
A CBTKD tem que repensar o formato atual. Está mais do que provado que ele não dá certo.
A confusão de entendimento, em minha humilde opinião, reside no fato de que insistem em tratar o taekwondo como esporte coletivo. Mesmo no coletivo, os atletas lutam por seus clubes em competições estaduais e nacionais. Se juntam com a Seleção em épocas pré-determinadas e podem ser excluídos a qualquer momento.
Se o COB exige da CBTKD uma EOB (o que aliás não deveria e nem poderia exigir), porque quer pagar salário aos atletas, que ela continue a ser formada. Tudo bem. O cara que vencer a Seletiva Fechada fica durante aquele ano recebendo um salário. Sem problema. Mas isso não pode determinar que este atleta já esteja definido para todas as competições internacionais. Ele precisa estar melhor que todos os brasileiros de sua categoria na ápoca da competição. E para essa aferição, somente uma seletiva aberta e outra fechada. É nessa hora que faz falta um ranking, o qual me orgulho de ter criado em 2001 e que foi sumariamente deixado de lado a partir de 2003.
E para terminar, vejam o caso do Neymar do Santos. Se a CBF seguisse o modelo da CBTKD, com certeza ele já estaria fora da Copa. Pode até não ser convocado, mas todos nós sabemos que é um talento que pode fazer a diferença.

2 comentários:

Unknown disse...

Olá, esse formato de competições do Taekwondo para seletivas nem era pra existir mais. Temos atletas Nordestinos em várias modalidades olímpicas: Judô,Atletismo,Natação,isso porquê as modalidades se preocuparam com o nível técnico e não com a região que os atletas iriam vir. Tudo favorece a exclusão dos atletas do Nordeste, seminários, competições, até as "reuniões" da CBTKD, marcadas em cima da hora, mais de uma por ano, e que quase sempre não resolvem nada.

Ricardo Andrade disse...

O ano era 1999. Eu e o Mestre Marcus Rezende estávamos à frente da Equipe de Taekwondo Vasco da Gama e participávamos de um "dedo de prosa" com alguns técnicos de outras modalidades olímpicas do clube. Conversa vai, conversa vem, de quando em vez, falávamos sobre algum tipo de procedimento organizacional do taekwondo brasileiro. Os outros técnicos se entreolhavam e nos questionavam o porquê do nosso esporte, mesmo olímpico, ser tão (mal) administrado. Ficávamos sem ter o que falar, até para não esvaziar o peso da modalidade dentro do Projeto Olímpico do Vasco. Onze anos se passaram e pelo menos eu, não quero nem pensar em estar em outra "prosa" dessas, prá não ser objeto de pilhéria, sem ter qualquer responsabilidade sobre o fato, pesando apenas sobre meus ombros a pecha de ser faixa-preta de taekwondo.
Quem sabe um dia, encontrarão o verdadeiro "do" do taekwondo brasileiro.
De nada adianta o conhecimento, se não houver sabedoria para aplicá-lo.