O taekwondo brasileiro
clama por simplicidade. Através de planejamentos simples seriamos
capazes de chegar mais à frente nas competições internacionais. Do
jeito que a coisa está sendo planejada (apesar de parecer bem
elaborada e cheia de esquemas no power point), o resultado final
disso tudo poderá ser pífio e o êxito de alguns, tenham certeza,
será devido ao esforço pessoal. E não vou nem comentar
aqui a forma ditatorial de fechamento de portas às competições
chanceladas pela CBTKD aos que não estiverem já em 2013 com o
registro internacional WTF GMS. Isso é tema para outra resenha.
Vamos ao que
propomos. Há 10 anos venho prenunciando o sobredito. Isso porque há
10 anos estão tratando o taekwondo (um esporte individual) como
esporte coletivo. Há 10 anos que a CBTKD não impõe um projeto
próprio. Há 10 anos baixaram a cabeça para o que foi definido
pelo COB, em 2002, como a Equipe Olímpica Permanente. E hoje, com o
aporte da Petrobrás, a coisa ficou pior, pois o calendário desta
seleção brasileira vai começar em Março, no intuito de atender a
renovação dos contratos com a empresa pública. E agora, com o novo
aporte do Governo Federal (PLANO BRASIL MEDALHA 2016), que também
irá contemplar técnicos e treinadores destes atletas, a coisa vai
ficar mais confusa. SERÁ MUITO DINHEIRO CIRCULANDO PARA UM
PLANEJAMENTO ADMINISTRATIVO CAMBALEANTE.
Se todo o esquema
montado e divulgado pela CBTKD fosse tão somente para definir
aqueles que receberiam (durante um ano seguinte) recursos públicos
para poderem se preparar, aí sim, eu bateria palmas. Mas não.
Vão continuar definindo por meio de uma única seletiva os atletas da Seleção
Brasileira para o ano todo seguinte. Isso é um total contrassenso.
Se nem no futebol (que é um esporte coletivo) se faz isso, por que o
taekwondo tem que fazer? A explicação está no fato de termos à
frente da entidade gente que nada entende de esporte.
O pior de tudo é que
o projeto em curso há 10 anos já provou que não dá certo, pois
define atletas de diversos cantos do Brasil para serem membros da
Seleção durante um ano inteiro, em detrimento de outros que vão
ficar correndo pelo circuito nacional (sem contato com a elite
escolhida). Os de fora da elite, no início de 2014, tentarão novamente a sorte
para este círculo vicioso.
Porém, para a
escolha dos treinadores e da comissão técnica, quem define é o
presidente da CBTKD. Ou seja, o sistema já começa errado ao
desconsiderar que cada atleta tem o seu próprio treinador e
seu grupo multidisciplinar. Daria, por exemplo, para conceber o
nadador César Cielo sendo retirado do seu treinador e de seu clube,
para atender aos anseios de treinadores de uma seleção nacional
escolhida pelo presidente da confederação daquele esporte? Então
por que no taekwondo tem que ser desse jeito?
Nossos dirigentes
tinham que ter coragem de dizer aos patrocinadores: o dinheiro é
muito bem vindo, mas os atletas contratados não serão blindados;
terão que lutar nas seletivas nacionais em igualdade de condições,
durante todo o ano em curso.