Páginas

sábado, 22 de setembro de 2012

Dinheiro não falta; o que falta é projeto político para o taekwondo brasileiro

Marcus Rezende


O taekwondo brasileiro clama por simplicidade. Através de planejamentos simples seriamos capazes de chegar mais à frente nas competições internacionais. Do jeito que a coisa está sendo planejada (apesar de parecer bem elaborada e cheia de esquemas no power point), o resultado final disso tudo poderá ser pífio e o êxito de alguns, tenham certeza, será devido ao esforço pessoal. E não vou nem comentar aqui a forma ditatorial de fechamento de portas às competições chanceladas pela CBTKD aos que não estiverem já em 2013 com o registro internacional WTF GMS. Isso é tema para outra resenha.
Vamos ao que propomos. Há 10 anos venho prenunciando o sobredito. Isso porque há 10 anos estão tratando o taekwondo (um esporte individual) como esporte coletivo. Há 10 anos que a CBTKD não impõe um projeto próprio. Há 10 anos baixaram a cabeça para o que foi definido pelo COB, em 2002, como a Equipe Olímpica Permanente. E hoje, com o aporte da Petrobrás, a coisa ficou pior, pois o calendário desta seleção brasileira vai começar em Março, no intuito de atender a renovação dos contratos com a empresa pública. E agora, com o novo aporte do Governo Federal (PLANO BRASIL MEDALHA 2016), que também irá contemplar técnicos e treinadores destes atletas, a coisa vai ficar mais confusa. SERÁ MUITO DINHEIRO CIRCULANDO PARA UM PLANEJAMENTO ADMINISTRATIVO CAMBALEANTE.
Se todo o esquema montado e divulgado pela CBTKD fosse tão somente para definir aqueles que receberiam (durante um ano seguinte) recursos públicos para poderem se preparar, aí sim, eu bateria palmas. Mas não. Vão continuar definindo por meio de uma única seletiva os atletas da Seleção Brasileira para o ano todo seguinte. Isso é um total contrassenso. Se nem no futebol (que é um esporte coletivo) se faz isso, por que o taekwondo tem que fazer? A explicação está no fato de termos à frente da entidade gente que nada entende de esporte.
O pior de tudo é que o projeto em curso há 10 anos já provou que não dá certo, pois define atletas de diversos cantos do Brasil para serem membros da Seleção durante um ano inteiro, em detrimento de outros que vão ficar correndo pelo circuito nacional (sem contato com a elite escolhida). Os de fora da elite, no início de 2014, tentarão novamente a sorte para este círculo vicioso.
Porém, para a escolha dos treinadores e da comissão técnica, quem define é o presidente da CBTKD. Ou seja, o sistema já começa errado ao desconsiderar que cada atleta tem o seu próprio treinador e seu grupo multidisciplinar. Daria, por exemplo, para conceber o nadador César Cielo sendo retirado do seu treinador e de seu clube, para atender aos anseios de treinadores de uma seleção nacional escolhida pelo presidente da confederação daquele esporte? Então por que no taekwondo tem que ser desse jeito?
Nossos dirigentes tinham que ter coragem de dizer aos patrocinadores: o dinheiro é muito bem vindo, mas os atletas contratados não serão blindados; terão que lutar nas seletivas nacionais em igualdade de condições, durante todo o ano em curso.