Marcus Rezende
Quando soube que o
taekwondo não participaria mais das Olimpíadas Escolares (hoje, Jogos Escolares da Juventude), resolvi
entender qual teria sido o real motivo da retirada da modalidade olímpica de uma das mais importantes competições do
calendário desportivo nacional.
Com alguns documentos colhidos pude logo entender o por quê.
A situação é
impressionantemente inacreditável. Tudo aconteceu nas Olimpíadas Escolares de 2011, que ocorreram em Dezembro daquele ano. A Delegação do Paraná deixou que um atleta da Seleção Brasileira Junior se mantivesse inscrito na competição. Porém, faixas
pretas não podem disputar as Olimpíadas Escolares; somente atletas
menos graduados.
O que aconteceu? Na
hora das lutas, o atleta foi reconhecido por técnicos de outros
estados e pelo coordenador da Seleção Junior de Taekwondo, Junior
Maciel. De imediato, Maciel e mais seis técnicos tentaram impedir o
jovem de disputar. Entretanto, a chefe da delegação do Paraná, Márcia
Tomadon, solicitou à Comissão Disciplinar da competição que
punisse todos eles por estarem gerando constrangimento ao menino.
O pior de tudo, meus
amigos, e que acabou contribuindo para a punição dos técnicos, foi
a postura do presidente da Federação Paranaense de Taekwondo,
Fernando Madureira (técnico da Seleção Brasileira principal de
taekwondo), em defesa do jovem atleta. Ele enviou uma declaração dizendo que atleta da Seleção Brasileira Junior ainda não era faixa preta pela Federação, mas era
registrado à CBTKD como tal, para que pudesse disputar as competições
nacionais.
Diante da declaração de Madureira, a Comissão
Disciplinar das Olimpíadas Escolares puniu os técnicos.
Veja se isso é
possível? O dirigente afirma que o jovem não é faixa-preta, porém
reconhece seu registro de 1º Dan junto à confederação.
Simplesmente algo lastimável.
Pergunte a qualquer
professor ou mestre deste país, que não exerça a função de dirigente, se
conseguiria registrar um faixa vermelha-ponta preta na CBTKD como
faixa-preta? NUNCA!
Dias depois, o caso
foi parar no COB. Lá, a verdade apareceu: o jovem realmente estava
registrado como faixa-preta. O Comitê Olímpico Brasileiro quis
ouvir explicações do presidente provisório em exercício da CBTKD,
Carlos Fernandes. O PPE reconheceu a falsidade da declaração
assinada por Madureira e pediu reconsideração à punição dos seis
técnicos. No entanto, sequer teceu comentários sobre o ato no
mínimo imoral do presidente da Federação Paranaense de Taekwondo.
É o que venho
afirmando há bastante tempo. Os caras estão brincando de
administrar. Não conseguem separar os interesses pessoais da
impessoalidade que precisam exercer à frente das entidades que presidem.
O taekwondo do Brasil
está penando na mão desta gente.