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sábado, 6 de abril de 2013

Como crescer com barreiras tão poderosas à frente? O taekwondo brasileiro precisa de gente que entenda do riscado

Marcus Rezende


Fazendo uma análise do quão pouco seriamente e profissionalmente o taekwondo de alto rendimento está sendo praticado no Brasil, cheguei à triste conclusão de que não temos sequer 100 atletas. Esta é realidade do taekwondo competitivo deste país. Quando escrevo quão pouco seriamente, não estou me referindo aos ratos de academia que treinam diariamente de forma desordenada. Refiro-me aos que desenvolvem um trabalho planejado e individualizado.

A CBTKD e as Federações de Taekwondo têm, em minha opinião, a maior parcela de culpa nesta situação. Isso porque sempre quiseram se responsabilizar pela preparação física e técnica dos atletas brasileiros (e ainda teimam em fazê-lo), colocando para escanteio o trabalho dos clubes e de seus respectivos treinadores, os quais acabam desanimando e deixando de lado o papel de inserir dentro da seara competitiva novos talentos para o taekwondo brasileiro.

Vejamos o caso do apoio da Petrobrás, por meio do Instituto Passe de Mágica. A empresa pública apoia com salário os atletas classificados em uma seletiva realizada pela CBTKD. Banca também uma equipe multidisciplinar, a qual tem que passar pelo crivo do presidente da entidade de cuja caneta também são eleitos um seleto grupo de dirigentes de federações formadora da base aliada dele. IMORAL!!!

Aí, o que acontece? Aquele atleta classificado para compor a Seleção Brasileira durante todo o ano em curso, fica no meio de um fogo cruzado. De um lado, o clube, treinador e a equipe multidisciplinar que o treina. Do outro, os treinadores da CBTKD, bancados com dinheiro público e que querem mostrar serviço, mesmo que não sirva para nada.

Tirando de cena os atletas apoiados pela Petrobrás, no bojo do desânimo que vem tomando conta de treinadores e atletas brasileiros, surgem algumas iniciativas como a do Pão de Açúcar que começa a investir na modalidade, dando uma sobrevida ao combalido taekwondo nacional.
Aí, quando a estrutura privada é montada, os cartolas se aproximam e vão pedir a benção (em forma de chantagem subliminar) àqueles que estão por cima da carne seca.

Recentemente o presidente da CBTKD, Carlos Fernandes, esteve reunido com a Comissão Técnica do taekwondo do Pão de Açúcar para pedir o espaço para a Seleção Brasileira treinar. O mesmo fez o presidente da federação de taekwondo de São Paulo, que assumiu o cargo depois que a CBTKD destituiu ilegalmente o anterior, Yeo Jun Kim.

A gente tem que rir, pois chorar não adianta. Tais dirigentes demonstram com esta atitude que não entendem o real papel da entidade que presidem. E não entendem por um motivo simples: devem acreditar que todos os atos que envolvem o taekwondo obrigatoriamente precisam passar por eles. Parece não aceitar que clubes e outras instituições possam desenvolver um trabalho independente e que os treinadores destes grupos sejam mais bem preparados do que os eleitos para desenvolver um trabalho coletivo em esporte que precisa necessariamente ser individualizado.

Além do pouco conhecimento do real papel frente às responsabilidades que lhe são inerentes, falta humildade e sobra soberba a estes pseudos-dirigentes. Não entendem de esporte e continuam copiando o legado coreano dos anos de 1970.