Finalmente uma
competição para demonstrar de vez que o sistema implementado neste
país ao longo de décadas (e que ainda conta com a resistência de
dublês de dirigentes) sempre esteve errado. No último final de
semana (15 e 16 de Fevereiro, no Espirito Santo), a CBTKD promoveu
uma competição denominada Grand Slam, por meio da qual os principais
atletas brasileiros entraram no dojan para assegurar uma vaga na
seleção brasileira de taekwondo.
Desta vez, a maioria dos treinadores não eram apadrinhados de dirigentes regionais. Os
que ainda se fizeram presentes por indicação presidencial saíram
do mesmo jeito que entraram. Em cena, de verdade, apenas os
verdadeiros promotores de talentos deste país, acompanhando suas
criações.
Pudemos ver
complementando o cenário de luta os cariocas Alexandre Américo,
Enoir Santos e Alan do Carmo; o renomado Carlos Negrão (SP); o
paranaense Flávio Alves; o brasiliense Washington Azevedo; o
piracicabano Frederico Mitooka; os grandes campeões, os irmãos
feras de São Caetano, Clayton e Reginaldo Santos, entre outros.
Quase sempre excluídos, por conta do formato das competições por
seleções estaduais, os verdadeiros treinadores dos principais
atletas deste país puderam mais uma vez mostrar a cara.
Apesar de
particularmente não achar o mais sensato estabelecer (no início do
ano) a seleção a representar o Brasil durante todo o calendário
anual, confesso que houve um avanço ao
se retirar das federações o poder de escolha dos atletas que poderiam tentar tais vagas; avanço – diga-se de passagem - forçado, logicamente,
por uma corrente de treinadores cuja força não havia como mais
segurar; as equipes de taekwondo são uma realidade para cujo
sucesso, muitas vezes, apenas esperam que as entidades estaduais de
administração não atrapalhem.
E falando em atrapalhar, a pergunta agora é
a seguinte: formada a nova seleção, será que a CBTKD vai
dificultar o trabalho já desenvolvido por estes treinadores
guerreiros, retirando-os de seu habitat natural de treinamento e os
levando para aventuras próprias de esporte coletivo? Se assim for,
felizes os que ficaram em segundo lugar neste Grand Slam, pois talvez possam se
livrar das garras das invencionices estabelecidas pela entidade e assim escolher quais competições abertas participar.
Diogo Silva, Natalia
Falavigna, Márcio Wenceslau, Guilherme Félix, por exemplo, poderão
se preparar com mais autonomia para os Grand Prix de Julho e Outubro,
ambos com peso 4 no ranking internacional. Ao passo que os 16 atletas
da Seleção Brasileira se obrigariam, em tese, a participar das
competições que a CBTKD definir.
Em todo caso, fica a
torcida pelo bom-senso destes dirigentes, para que ouçam os
treinadores destes atletas e respeitem a programação e prioridades
de cada um deles para o ano em curso e que sirvam apenas de gerenciadores de um trabalho já
existente.