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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Grand Slam: festa também dos treinadores

Marcus Rezende

   Finalmente uma competição para demonstrar de vez que o sistema implementado neste país ao longo de décadas (e que ainda conta com a resistência de dublês de dirigentes) sempre esteve errado. No último final de semana (15 e 16 de Fevereiro, no Espirito Santo), a CBTKD promoveu uma competição denominada Grand Slam, por meio da qual os principais atletas brasileiros entraram no dojan para assegurar uma vaga na seleção brasileira de taekwondo.
Desta vez, a maioria dos treinadores não eram apadrinhados de dirigentes regionais. Os que ainda se fizeram presentes por indicação presidencial saíram do mesmo jeito que entraram. Em cena, de verdade, apenas os verdadeiros promotores de talentos deste país, acompanhando suas criações.
Pudemos ver complementando o cenário de luta os cariocas Alexandre Américo, Enoir Santos e Alan do Carmo; o renomado Carlos Negrão (SP); o paranaense Flávio Alves; o brasiliense Washington Azevedo; o piracicabano Frederico Mitooka; os grandes campeões, os irmãos feras de São Caetano, Clayton e Reginaldo Santos, entre outros. 
Quase sempre excluídos, por conta do formato das competições por seleções estaduais, os verdadeiros treinadores dos principais atletas deste país puderam mais uma vez mostrar a cara.
Apesar de particularmente não achar o mais sensato estabelecer (no início do ano) a seleção a representar o Brasil durante todo o calendário anual, confesso que houve um avanço ao se retirar das federações o poder de escolha dos atletas que poderiam tentar tais vagas; avanço – diga-se de passagem - forçado, logicamente, por uma corrente de treinadores cuja força não havia como mais segurar; as equipes de taekwondo são uma realidade para cujo sucesso, muitas vezes, apenas esperam que as entidades estaduais de administração não atrapalhem.
E falando em atrapalhar, a pergunta agora é a seguinte: formada a nova seleção, será que a CBTKD vai dificultar o trabalho já desenvolvido por estes treinadores guerreiros, retirando-os de seu habitat natural de treinamento e os levando para aventuras próprias de esporte coletivo? Se assim for, felizes os que ficaram em segundo lugar neste Grand Slam, pois talvez possam se livrar das garras das invencionices estabelecidas pela entidade e assim escolher quais competições abertas participar.
Diogo Silva, Natalia Falavigna, Márcio Wenceslau, Guilherme Félix, por exemplo, poderão se preparar com mais autonomia para os Grand Prix de Julho e Outubro, ambos com peso 4 no ranking internacional. Ao passo que os 16 atletas da Seleção Brasileira se obrigariam, em tese,  a participar das competições que a CBTKD definir.
Em todo caso, fica a torcida pelo bom-senso destes dirigentes, para que ouçam os treinadores destes atletas e respeitem a programação e prioridades de cada um deles para o ano em curso e que sirvam apenas de gerenciadores de um trabalho já existente.