Marcus Rezende
O instituto exames de faixa no Brasil se constitui em uma das maiores vergonhas do taekwondo brasileiro. O quê acontece pelas bandas tupiniquins não existe em nenhum país desenvolvido do mundo e mesmo nos subdesenvolvidos.
Só no Brasil um sujeito se torna presidente de uma federação e detentor dos exames de faixas de todos os faixas pretas. Um dos maiores absurdos que pude já testemunhar ocorreu há cerca de dois anos quando o presidente da Fetesp, Yeo Jun Kim, esteve no Rio querendo conversar comigo acerca de um artigo que escrevi no site TKD Livre (que por sinal é o único site no Brasil que tem a coragem de falar a verdade sobre a realidade do taekwondo brasileiro). Ele entendia que realmente deveria ser o responsável pelos exames de todo mundo em São Paulo, visto que era o único 7º Dan do estado. Dizia-se muito chateado com um mestre de lá, 6º Dan (não vou citar o nome), pelo fato de ele não ter levado ao exame, promovido pela entidade, 14 faixas pretas dele. O que me deixou mais perplexo é que Yeo Jun explicou que só iria cobrar desse mestre 6º Dan apenas 20% do valor da taxa.
Eu simplesmente não estava acreditando no que ouvia e disse a ele o que pensava. Para mim, na verdade, esse mestre não teria porque dar a ele coisa alguma. Mas ele insistia no fato de ser o único 7º Dan no estado. Pois bem, continuamos a conversar, mas ele parecia não entender muito bem o meu ponto de vista.
O caso paulista é o mesmo da maioria dos outros estados e que parece estar longe de acabar.
Na década de 70 e até o final dos anos 80, quando os mestres coreanos com seus 5º e 6º dans, eram absolutos em tudo o que faziam no Brasil, os professores formados não levavam um tostão das taxas de exame de seus alunos. Toda a arrecadação ia diretamente para os mestres. Lembro-me do mestre Shin Hwa Lee chegando ao Brasil com seu 4º Dan e com total autonomia perante seus alunos. Hoje, quando os brasileiros atingem graduação de 5º e 6º Dan, encontram a barreira insana que é a das federações (com seus presidentes) impedindo-os que examinem seus próprios alunos.
A justiça em nosso país somente se manifesta se for provocada e é por isso que os absurdos vão acontecendo, pois ninguém a provoca. Mesmo de forma ilegal, revestida de legalidade por força de regulamentos forjados ao arrepio da Constituição do país, se as pessoas não provocarem a justiça, ela vai ficar lá, quietinha, como se nada estivesse acontecendo.
Enquanto isso, por falta de conhecimento de causa, os professores vão levando o seu rebanho para alguém, que é presidente de uma federação e que se auto-intitula examinador oficial do estado.
3 comentários:
É simples mestre Marcus, existe uma coisa chamada Ministério Público. Esse dinheiro não é doação é pagamento para entidades sem fins lucrativos.
Abre inquérito desta arrecadação e provem para onde vai o dinheiro.
Pelo que eu sei a entidade continua CBTKD pobre, tem pessoas intituladas mestres que moram de frente para Lagoa Rodrigo de Freitas no RJ. Outros na Oscar Freire em SP. Como outros que arrecadam e não prestam contas com suas federações estaduais. Os atletas continuam na mesma.
Aquela velha frase: Mudam os atletas e os cartolas são sempre os mesmos.
Ministério Público.
Eles estão pegando dinheiro do povo e não prestando contas.
Abraço
A acertada opinião tanto do autor blogueiro Mestre Marcus Resende (que a propósito foi quem me ensinou os primeiros movimentos do TaeKwonDo, nos idos da década de 80) quanto da opinião do comentarista Márcio, só peca num detalhe, qual seja:
As entidades do terceiro setor, pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, que no caso sob análise, são as Federações e a Confederação de TaeKwonDo, NÃO estão impedidas de terem superavits, ou seja, ganho financeiro.
Importa explicar que a caracterização do lucro nas entidades do terceiro setor se dá na destinação daquele ganho pecuniário.
Em resumo, o ilícito ocorre, não pelo ganho financeiro, mas sim, pela destinação desse dinheiro, no momento em que aquele ganho não é revertido integralmente para o objetivo social da entidade.
Podemos, juntos, dar um basta e mudar essa triste realidade que prejudica centenas de professores faixas-preta de todo Brasil.
Dr. Jardson Bezerra
Advogado, Jornalista, Professor Universitário, especialista no terceiro setor. Atleta, faixa preta, desde 1982. Diretor Jurídico da FTKDERJ
Saudações Taekwondistas...
aos irmão de faixa e arte quero deixar o meu apoio sobre os exames de faixa.
Lembro que quando conheci o tkd em agosto de 1985 na periferia de recife, sonhava em ser um faixa preta. baseado no juramento e no espirito do tkd que recitavamos no inicio de no final dos treinamentos. enfim, cheguei a faixa preta mas ela ja não tinha o mesmo brilho pois o cenário está confuso. a meta de preta que já passará para o 4ºdan (MESTRE) agora aponta para o 6ºdan... eu eu que ainda estou no 2º??? quem sou eu? nada?? até o cref quer mandar...
Pois bem, nos meus recem chegados 37 anos, ainda quero lutar. e vou lutar pelo direito de ser faixa-preta. e se sou eu que pago o aluguel da minha academia, agua, luz, telefone... faço panfletos, vou na porta das escolas, divulgo, converso, convido e trago alunos para minha academia... dou treinamento, preparo-os, crio campeões de corpo, mente e espirito. eu tenho o poder de ditar suas novas graduações. e como um digno faixa-preta de tkd. deveria ser reconhecido e acatado pelos outros irmãos mesmo mais graduados. e meu mestre, ou qualquer outro mestre. deveria contentar-se com minhas mensalidaes... se me ensina a altura, que cobre mais se for o caso, e se for valido... pagarei.
Não me conformo, se trabalho tanto... como posso levar meus ganhos para o bolso de um outros se muitas vezes nem sabem meu nome.
Meus irmãos, será que precisamos de outras LIGAS? de outros YeoJIN's
contato@tkdsociety.org
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