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segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Resultado do PAN: alerta para 2016

Marcus Rezende


Escrevo esta opinião antes mesmo de saber o resultado de Natália Falavigna no Pan. Isso porque, independentemente de a nossa grande campeã vencer ou não, ela não precisa provar mais nada a ninguém. Ademais está vindo de uma inatividade grande e, com certeza, seu foco está na vaga Olímpica. De Natália podemos esperar tudo. Só o fato de ela estar de volta já é lucro para o taekwondo brasileiro.


O resultado de nossos atletas nesta edição dos jogos Pan-Americanos é tão simplesmente consequência de um projeto fracassado que começou em 2003 e que continua até hoje. O Presidente da CBTKD, que eu conheço bem - afinal de contas começamos juntos no taekwondo, ele com 14 anos e eu com 16 – acabou mantendo o mesmo projeto, temperado com um investimento público jamais visto. Carlinhos sempre diz que não gosta de se precipitar. Ele preferiu deixar o barco navegar nas águas turvas da mesma centralização e agora tem mais condições para perceber que o projeto para atletas juvenis, sub 21 e sêniores não pode ser este que está em curso. Em algumas oportunidades pude lhe dizer o que pensava e o que achava do modelo atual. Acho que ainda há tempo de pôr o barco a favor da correnteza. A decisão está nas mãos dele.



As ideias que sempre defendi, na verdade não são minhas. São ideias para esportes individuais consolidadas em diversas outras modalidades, dentro de um país de tamanho de um continente. O Brasil não tem o tamanho de países menores, por exemplo, que alguns estados brasileiros. Neles a centralização é até possível. Mas esta receita de bolo não serve para nós.


Desde o ano 2000, já com o mestre Kim, alertava-o de que competições por federações tinham que acabar, pois entidades não são equipes. Tentava fazê-lo entender que melhor para o país seria se as competições fossem por clubes e academias. O ranking criado em 2001 (destruído em 2003) teria de servir tão somente para formação dos cabeças de chave e que os atletas pudessem ter seu próprio grupo multidisciplinar e realizar o próprio planejamento, tendo em vista a precedência de um calendário nacional e internacional.


Sobre os jovens até 17 anos, meu Deus, estão comentendo o mesmo erro. Não estão levando em conta diversos aspectos pertinentes a esta faixa etária, que não há como discorrer agora.


A ideia de sucesso com Seleção formada em ano anterior caiu por terra. É preciso fazer o que faz o México; é o mais adequado: seletivas próximas aos eventos e pronto. DamianVilla lutou contra o Ouro Olímpico Guillermo Perez, poucos meses antes do Pan e levou a vaga. Pronto, é ele quem vai representar o país.


Portanto, diferentemente do que muitos acreditam, o problema não estão nos técnicos escolhidos. Quando eram outros, a centralização era a mesma. No caso do Fernando, a critica que recai sobre ele está no fato de ser presidente de uma federação, o que realmente não fica bem.


Os formadores de atletas precisam ser valorizados e respeitados. Hoje eles estão desestimulados. Há novos técnicos surgindo. Mas quem conhece? Estão sendo colocados de lado por conta desta centralização que já mostrou seus resultados.

Um comentário:

Prof. Fabricio do Prado disse...

Muito interessante o texto. Realmente, parece muito mais racional que o atleta melhor preparado no momento da olimpíada deva representar o Brasil, e não aquele com histórico melhor.