Marcus Rezende
Eu estava assistindo
ao vídeo produzido pelo site Pódio Brasil no qual os atletas Diogo Silva
e Márcio Wenceslau relembram grandes feitos de suas carreiras e
solicitam apoio aos praticantes de taekwondo do Brasil
para poderem participar dos campeonatos internacionais abertos - já
que os recursos da Petrobrás, para os dois, cessaram - e me
entristeci com o fato de estarmos vivenciando mais uma vez o início
do fim de mais uma geração de grandes atletas que dedicaram toda a
vida ao esporte e ao país.
Isso porque inevitavelmente daqui a alguns anos ambos sairão do cenário competitivo e, seguindo a toada histórica,
não terão sequer seus nomes lembrados pela entidade responsável
pelo taekwondo brasileiro. Assim foi com Carlos Loddo, Jorge
Gonçalves, Lúcio Aurélio, Alyson Yamaguti, Milton Iwama, Leonildes
dos Santos, Márcio Eugênio, Carlos Costa, Walassi Ayres, Carmen
Carolina e tantos outros brasileiros que peço perdão ter esquecido
de citar.
Vítimas hoje do
mesmo processo de blindagem que os mantiveram por anos soberanos em
suas categorias de peso, Diogo e Márcio amargam agora a perda dos
recursos públicos que os mantinham em condições de treinar e
competir mundo afora.
Os homens da
CBTKD, do COB e do Ministério dos Esportes em vista desta situação
e de tantas outras semelhantes deveriam se envergonhar. A três anos
das Olimpíadas, em vez de robustecerem com condições máximas de
treinamento e participação nos circuitos internacionais todos os
atletas, de todas as modalidades olímpicas, dão as costas e se
omitem. Tratam do riscado como se nenhuma responsabilidade tivessem.
Deixam o tempo passar para ressurgirem no OBA OBA da proximidade dos
Jogos, no momento em que não haverá como recuperar o tempo perdido.
Vão deixar o prato do pobre do atleta vazio para querer
transbordá-lo com tudo o que ele não vai mais poder absorver.
É diante desse
resumido exposto que só podemos chegar a uma conclusão: o sistema
desportivo do país é feito para não dar certo, mesmo, haja vista
por exemplo os caminhos privilegiados e antidemocráticos utilizados
por um presidente com mandato para se manter no poder de uma entidade
desportiva.
Portanto, para o
taekwondo brasileiro só há uma saída: torcer para que diante de um
sistema que não vai mudar tão cedo, alguém decente assuma a
presidência e reestruture as finanças da entidade, criando
condições de bancar seus atletas sem depender de recursos públicos.
Mas não será com este grupo de amadores e incompetentes que iremos
conseguir a tão sonhada autonomia.