Marcus Rezende
Quando Natália
Falavigna, no ano 2000, com apenas dois anos de taekwondo nas costas,
colocou na cintura uma faixa preta e viajou para Irlanda para
disputar o III Campeonato Mundial Juvenil de Taekwondo, ela estava
cumprindo o prenúncio de seu mestre, Clovis Ayres, que lhe dissera dois anos antes: “você será campeã mundial”. E a profecia
se cumpriu.
E Natália não
precisou de uma entidade ditando normas de treinamento, tampouco de
uma Comissão Técnica que hoje é formada por interesses que
visam sustentar politicamente o mandatário da entidade nacional.
Não. Natália treinou na academia de seu mestre: a “Academia
Pequeno Tigre”, em Londrina.
14 anos depois, o
exemplo se repete com o jovem paraibano Edival Marques Pontes, que
treinado pelo mestre Tomaz Azevedo, dentro da academia AMTKD, mostrou
que para ser um campeão mundial basta treinar sério e de forma
programada.
Edival possui uma
programação física, técnica e tática elaborada pelo treinador. A
receita? quatro horas de treino por dia, cinco vezes na semana. Com
esses ingredientes, o jovem paraibano conquistou também o
Campeonato Brasileiro por duas vezes; a Copa do Brasil e o Sul-Americano da Juventude.
Tomaz também
ressaltou que para chegar ao
título mundial, assim como à classificação para os Jogos
Olímpicos da Juventude, Netinho (como é chamado na intimidade o jovem campeão) contou com o apoio valoroso de outro grande treinador: o mestre Washington Azevedo, de Brasília, técnico do
atleta Guilherme Dias, medalha de bronze no último Mundial.
Washington deu dicas
valiosas a Edival de como dar eficácia às técnicas em meio à tecnologia dos
protetores eletrônicos. E Edival foi à Capital Federal buscar estes macetes
preciosos que o levaram ao título mundial. Agora, imagine se esse
garoto possuísse os protetores eletrônicos?
A lição que se tira
dessa história é a de que o título deste jovem paraibano, que nem
protetores eletrônicos possui (esperamos que a confederação, no mínimo, o presentei com um KIT), serve de alerta para que a CBTKD dê
mais atenção aos treinadores brasileiros. Inicialmente, valorizando
o trabalho que cada um deles realiza.
E o mais importante:
deixar que desenvolvam com tranquilidade a programação de seus atletas, sem a interferência dos técnicos de livre nomeação do presidente, os quais
ficariam com o trabalho de conhecê-los tecnicamente (para melhor instruí-los na hora da competição
internacional) e organizar os treinos de manutenção, enquanto estiverem em outro país.
Contudo, é preciso que se fale. Mesmo
com o título de Edival, ainda assim, não se pode fechar os olhos para a
distância que tem separado os atletas do Brasil dos de outros
países.
Fazendo uma análise
do desempenho da Seleção neste Mundial Juvenil, pudemos ver que os outros atletas
brasileiros mal passaram da segunda luta. E isso é muito
preocupante.
Não se pode fechar
os olhos para o que aí está exposto. A centralização dos
trabalhos da seleção brasileira é um equívoco que precisa ser
reparado.
Ademais, além de projetos de fomento (que até o momento não foram implementados), os olhos da entidade não podem deixar de estar voltados para os
treinadores, os grandes responsáveis pelas novas gerações de atletas brasileiros.