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quinta-feira, 27 de março de 2014

Receita paraibana para se tornar campeão mundial juvenil

Marcus Rezende

Quando Natália Falavigna, no ano 2000, com apenas dois anos de taekwondo nas costas, colocou na cintura uma faixa preta e viajou para Irlanda para disputar o III Campeonato Mundial Juvenil de Taekwondo, ela estava cumprindo o prenúncio de seu mestre, Clovis Ayres, que lhe dissera dois anos antes: “você será campeã mundial”. E a profecia se cumpriu.

E Natália não precisou de uma entidade ditando normas de treinamento, tampouco de uma Comissão Técnica que hoje é formada por interesses que visam sustentar politicamente o mandatário da entidade nacional. Não. Natália treinou na academia de seu mestre: a “Academia Pequeno Tigre”, em Londrina.

14 anos depois, o exemplo se repete com o jovem paraibano Edival Marques Pontes, que treinado pelo mestre Tomaz Azevedo, dentro da academia AMTKD, mostrou que para ser um campeão mundial basta treinar sério e de forma programada.

Edival possui uma programação física, técnica e tática elaborada pelo treinador. A receita? quatro horas de treino por dia, cinco vezes na semana. Com esses ingredientes, o jovem paraibano conquistou também  o Campeonato Brasileiro por duas vezes; a Copa do Brasil e o Sul-Americano da Juventude.

Tomaz também ressaltou que para chegar ao título mundial, assim como à classificação para os Jogos Olímpicos da Juventude, Netinho (como é chamado na intimidade o jovem campeão) contou com o apoio valoroso de outro grande treinador: o mestre Washington Azevedo, de Brasília, técnico do atleta Guilherme Dias, medalha de bronze no último Mundial.

Washington deu dicas valiosas a Edival de como dar eficácia às técnicas em meio à tecnologia dos protetores eletrônicos. E Edival foi à Capital Federal buscar estes macetes preciosos que o levaram ao título mundial. Agora, imagine se esse garoto possuísse os protetores eletrônicos?

A lição que se tira dessa história é a de que o título deste jovem paraibano, que nem protetores eletrônicos possui (esperamos que a confederação, no mínimo, o presentei com um KIT), serve de alerta para que a CBTKD dê mais atenção aos treinadores brasileiros. Inicialmente, valorizando o trabalho que cada um deles realiza.

E o mais importante: deixar que desenvolvam com tranquilidade a programação de seus atletas, sem a interferência dos técnicos de livre nomeação do presidente, os quais
  ficariam com o trabalho de conhecê-los tecnicamente (para melhor instruí-los na hora da competição internacional) e organizar os treinos de manutenção, enquanto estiverem em outro país.

Contudo, é preciso que se fale. Mesmo com o título de Edival, ainda assim,  não se pode fechar os olhos para a distância que tem separado os atletas do Brasil dos de outros países.

Fazendo uma análise do desempenho da Seleção neste Mundial Juvenil, pudemos ver que os outros atletas brasileiros mal passaram da segunda luta. E isso é muito preocupante. 

Não se pode fechar os olhos para o que aí está exposto. A centralização dos trabalhos da seleção brasileira é um equívoco que precisa ser reparado. 
 Ademais, além de projetos de fomento (que até o momento não foram implementados), os olhos da entidade não podem deixar de estar voltados para os treinadores, os grandes responsáveis pelas novas gerações de atletas brasileiros.