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segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Tomando consciência do direito de ensinar sem precisar se federar

Marcus Rezende

 Seria tudo tão mais fácil para o taekwondo brasileiro se as pessoas que detêm o poder nas entidades de administração deste país compreendessem que a vida da modalidade não depende do poder que possuem, tampouco dos agrupamentos administrativos desportivos que dirigem e que, para o ensino do taekwondo, a lei do país respalda mestres e professores que não queiram se vincular a eles. 

Se fossem conhecedores da lei do país perceberiam que cada escola de taekwondo possui realidade própria e não deve ser tutelada por qualquer  entidade de administração desportiva que dirigem. 

Sendo assim, o que deveriam fazer para fortalecer a entidade? Teriam de envidar esforços para convencer mestres e professores a fazerem parte de seus grupos federativos, apresentando aos verdadeiros donos do taekwondo a máxima do servir e não do ser servido. Ou seja, tentariam demonstrar a estes mestres e professores que a união de todas as escolas em torno de uma entidade poderia gerar um ganho maior a todos. Ponto final. Não tem outra regra. Não adianta ficar inventando fórmulas  estatutárias que burlem a lei maior do país, sobretudo garantias individuais estabelecidas na Constituição Federal.

Mas o que estamos vendo ainda no Brasil? Uma total falta de entendimento desta máxima e o consequente recrudescimento destas entidades, cuja intransigência faz com que os mais antenados e conscientes se afastem e passem a cuidar de sua escola de forma independente sem se preocupar com o tão distante e difícil sonho olímpico. 

Estes mestres mais ligados nos direitos que possuem, ensinam a arte marcial, graduam seus alunos entregando-os certificados de sua própria escola. Em alguns casos, fazem o link direto com o órgão máximo do taekwondo mundial, o Kukkiwon, e registram os faixas pretas diretamente e sem intermediários.

Do outro lado ficam os menos esclarecidos acuados e com medo de que a federação os proíbam de ensinar o taekwondo; submetendo-se ao escárnio e mantendo-se desestimulados a fomentar o trabalho que realizam.

As federações, achando que o taekwondo gira em torna delas, passam a transformar-se em agremiações, jogando pra si a responsabilidade sobre o treinamento de atletas e o gerenciamento das práticas marcial dos adeptos do estado. E nesse gerenciamento estão os almejados e rentáveis exames de graduação cuja responsabilidade deveria ser da escola original, mas que é transferida por alguém indicado por um dirigente, o qual, no mais das vezes, é o próprio examinador.

Muitas destas entidades acreditam que os mestres e professores independentes estão sofrendo e se importando com o fato de não fazerem parte do sistema olímpico. Como se o praticante ao procurar uma academia para treinar, quisesse em primeiro lugar saber se poderia ser um atleta olímpico.


Portanto, se as federações não se reciclarem e não entenderem o seu real papel neste contexto desportivo, vão ficar a ver navios, pois a tendência agora é que as relações entre as comunidades taekwondistasa se estreitem e que as informações cheguem de uma forma mais sensível a cada um desses atores. 

Se os dirigentes continuarem a insistir na tese de que a federação deve preparar atletas e examinar praticantes, será engolida em pouco tempo, pois rapidamente a consciência do que é certo e legal dentro do direito de ensinar, dará a cada professor e mestre o rumo que ele deve seguir