Marcus Rezende
Seria
tudo tão mais fácil para o taekwondo brasileiro se as pessoas que
detêm o poder nas entidades de administração deste país
compreendessem que a vida da modalidade não depende do poder que possuem, tampouco dos agrupamentos administrativos desportivos que dirigem e que, para o ensino do taekwondo, a lei do
país respalda mestres e professores que não queiram se vincular a eles.
Se fossem conhecedores da lei do país perceberiam que cada escola de taekwondo possui realidade própria e
não deve ser tutelada por qualquer entidade de administração desportiva
que dirigem.
Sendo assim, o que deveriam fazer para fortalecer a entidade?
Teriam de envidar esforços para convencer mestres e professores a
fazerem parte de seus grupos federativos, apresentando aos
verdadeiros donos do taekwondo a máxima do servir e não
do ser servido. Ou seja, tentariam demonstrar a estes mestres e professores que a união de todas as escolas em torno de uma entidade poderia gerar um ganho maior a todos. Ponto final. Não tem outra regra. Não adianta ficar
inventando fórmulas estatutárias que burlem a lei maior do país,
sobretudo garantias individuais estabelecidas na Constituição
Federal.
Mas
o que estamos vendo ainda no Brasil? Uma
total falta
de entendimento desta máxima e o consequente recrudescimento
destas entidades, cuja
intransigência faz com que os mais antenados e conscientes se
afastem e passem a cuidar de sua escola de forma independente sem se
preocupar com o tão distante e difícil sonho olímpico.
Estes
mestres mais ligados nos direitos que possuem, ensinam a arte
marcial, graduam seus alunos entregando-os certificados de sua
própria escola. Em alguns casos, fazem o link direto com o órgão
máximo do taekwondo mundial, o Kukkiwon, e registram os faixas pretas diretamente e sem intermediários.
Do outro lado ficam os menos esclarecidos acuados e com medo de que a federação os proíbam de ensinar o taekwondo; submetendo-se ao escárnio e mantendo-se desestimulados a
fomentar o trabalho que realizam.
As
federações, achando que o taekwondo gira em torna delas, passam a
transformar-se em agremiações, jogando pra si a responsabilidade
sobre o treinamento de atletas e o gerenciamento das práticas
marcial dos adeptos do estado. E nesse gerenciamento estão os
almejados e rentáveis exames de graduação cuja responsabilidade deveria ser da
escola original, mas que é transferida por alguém indicado por um
dirigente, o qual, no mais das vezes, é o próprio examinador.
Muitas
destas entidades acreditam que os mestres e professores independentes
estão sofrendo e se importando com o fato de não fazerem parte do sistema
olímpico. Como se o praticante ao procurar uma academia para treinar, quisesse em primeiro lugar saber se poderia ser um atleta olímpico.
Portanto,
se as federações não se reciclarem e não entenderem o seu real
papel neste contexto desportivo, vão ficar a ver navios, pois a
tendência agora é que as relações entre as comunidades taekwondistasa se estreitem e
que as informações cheguem de uma forma mais sensível a cada um desses
atores.
Se os dirigentes continuarem a insistir na tese de que a
federação deve preparar atletas e examinar praticantes, será
engolida em pouco tempo, pois rapidamente a consciência do que é certo e legal dentro do direito de ensinar, dará a cada professor e
mestre o rumo que ele deve seguir