Páginas

quarta-feira, 29 de abril de 2015

Hecatombe na CBTKD está somente começando

Marcus Rezende

 Com a decisão do desembargador da 3ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de janeiro, Peterson Barroso Simão, que anulou o último Estatuto aprovado pela CBTKD e que, por consequência, anulam os atos realizados pelo presidente da entidade, Carlos Fernandes, a partir daquela data, a expectativa agora é a de que o mandatário seja afastado da presidência da Confederação Brasileira de Taekwondo.

Na ocasião, Fernandes era vice-presidente e o presidente era Jung Roul Kim, que acabou sendo destituído do cargo por suspeitas de irregularidades. Na chefia da entidade, como presidente em exercício, Fernandes não perdeu tempo. Deu forma a um projeto audacioso tão quanto perigoso de modificação do estatuto e destituição das federações cujos presidentes se opunham a política dele.

Conversando com o ex-presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva da CBTKD (órgão da entidade que foi também destituído para que um outro fosse eleito no lugar), Jardson Bezerra, a partir da decisão do desembargador, a reeleição de Carlos Fernandes tem que ser considerada viciada, pois as Federações ilegalmente destituídas não participaram desta assembleia eletiva; foram destituídas antes. Ou seja, a CBTKD, além de ter de restabelecer o mandato do Superior Tribunal, vai precisar convocar uma nova eleição.

Além disso, todos os atos das novas federações (acolhidos por Fernandes em lugar das destituídas) terão de ser anulados. Entre alguns administrativos estão os registros de faixas pretas deste período, pois, se a eleição era viciada, não se tinha presidente. Portanto, os atos de Carlos Fernandes não valem.

Agora é que vem a pancada.

Em meio a conversa com Jardson, ele me confirmou uma outra questão grave. É a que trata dos atletas registrados às federações destituídas, e que ficaram de fora do calendário da CBTKD por três anos. 

  Partindo do que explica Bezerra,  em minha opinião, estes atletas poderão buscar na justiça uma bela de uma reparação por todo o dano moral e material sofridos por conta da ilegalidade cometida, não somente pelo presidente da CBTKD, mas também por todos os presidentes das federações que apoiaram a ilegalidade.

Estes jovens, ao que penso, tiveram os sonhos de competir nacionalmente e de representar o Brasil ceifados por uma Assembleia convocada ilegalmente para o cometimento de uma ato também ilegal, podem constituir um advogado e processar cada um dos presidentes por responsabilidade solidária.

Tudo isso é uma verdadeira Hecatombe às vésperas das Olimpíadas. E junto à tormenta que perpassa pelas cabeças da diretoria (totalmente envolvida) e que terá de ser destituída, vem o efeito dominó.


Jardson avalia também a responsabilidade do Comitê Olímpico Brasileiro, por não ter realizado as apurações das denúncias encaminhadas à sua diretoria, o que no direito é chamado de “in vigilando”. 

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Desembargador do Tribunal de Justiça do Rio aplica knockdown no Presidente da CBTKD

Marcus Rezende

Por esta o presidente da Confederação Brasileira de Taekwondo, Carlos Fernandes, não esperava. Depois de toda a pompa da coletiva que abriu caminho para o lutador Anderson Silva disputar as seletivas nacionais buscando uma vaga nas Olimpíadas de 2016, quem entrou com um duro golpe nas pretensões do dublê de presidente da CBTKD foi o desembargador da 3ª Câmara Cível do Estado do Rio de Janeiro, Peterson Barroso Simão.

O magistrado, atendendo à ação da Federação de Taekwondo de Minas Gerais, simplesmente anulou todos os atos perpetrados pelo atual presidente desde 2012. Isso porque, segundo  Barroso, Carlos Fernandes cometeu fraude ao aprovar um novo estatuto, em detrimento do que já existia. 
]
O fato pode ter desdobramentos graves e levar o atual mandatário a perda do mandato de presidente.
Mas não podia ser diferente. Qualquer pessoa com um pouco de conhecimento de nossa Constituição identificaria de pronto as aberrações contidas neste novo estatuto, tardiamente anulado. Entre elas, algumas pérolas, tais como a de somente brasileiros natos poderem concorrer ao cargo de presidente da entidade e de o candidato precisar ter no mínimo 40 anos para postular tal honraria, entre outras.

Ocorre que agora, todos os atos aprovados por força deste estatuto, desde 2012, estão anulados; até mesmo a assembleia que elegeu Carlos Fernandes.
O advogado da FETEMG, Márcio Albuquerque, disse que a CBTKD terá de cumprir as determinações do desembargador. “Ele terá que filiar as federações que foram desfiliadas e desfiliar as que colocou no lugar”, afirmou Márcio, acrescentando que as peças do processo serão extraídas para o Ministério Público para a apuração da fraude no estatuto da entidade.

Já o vice-presidente da FETEMG, Marcelino Barros, ressaltou que a diretoria da entidade se reunirá para fazer uma avaliação dos prejuízos sofridos pela Federação estadual ao longo destes três anos, em que ficou afastada do calendário de competições por força de desfiliação perpetrada por Fernandes. “A CBTKD vai pagar por todo o prejuízo”, disse.

Na decisão, o Desembargador demonstrou que houve uma “cristalina intenção de fraude na alteração daquilo que foi decidido pelo órgão máximo de uma associação, sua assembleia 
geral”.

Por mais que tentasse se defender, as provas apresentadas pela CBTKD acabavam por incriminá-la ainda mais. A confederação tentou usar o discurso de que o Estatuto foi chancelado pelo Comitê Olímpico Brasileiro. Entretanto, Barroso foi enfático: “de nada adianta sustentar a chancela do COB, pois ele se submete a CRFB (Constituição da República Federativa do Brasil) e as leis do ordenamento jurídico pátrio, não sendo uma entidade suprema, superior as leis, capaz de convalidar ilegalidades...”

E o magistrado chama a atenção para a fragilidade administrativa da CBTKD, quando ressalta as investigações que estão sendo realizadas pela Polícia Federal de suspeita de conduta criminosa por parte dos gestores da entidade. 

E finaliza dizendo que caberá ao Juiz de Primeiro grau decidir pelo afastamento do atual presidente, caso todos os atos cometidos fraudulentamente não sejam sanados.


segunda-feira, 13 de abril de 2015

Anderson Silva quer ser o peso-pesado do taekwondo brasileiro nas Olimpíadas

Marcus Rezende

Há alguns anos, quando o nosso grande lutador de MMA, Anderson Silva, foi convidado a tornar-se embaixador do taekwondo brasileiro, todos esperavam dele uma
contrapartida que tornasse a modalidade mais popular. Porém, Anderson sequer mencionou a arte marcial nas aparições posteriores à homenagem marqueteira do senhor Carlos Fernandes, presidente da CBTKD.

Anderson Silva - após as fragorosas derrotas contra o Norte-Americano Chris Weidman e o pífio combate contra Nick Diaz, oportunidade em que foi pego no exame antidoping - agora, parece ter lembrado de que um dia foi condecorado embaixador do taekwondo pela CBTKD.
Aos 40 anos ele quer realizar o sonho de disputar uma olimpíada. E por que não no taekwondo, considerando ser um faixa preta da modalidade e o maior nome do MMA de todos os tempos?

Independentemente da medalha olímpica, que muito dificilmente ele traria (pois o jogo dos pontos no taekwondo é muito diferente da contundência do MMA no UFC) o que parece valer mesmo nesta hora é a publicidade do fato; é a mídia; é o posar pra foto; é o sair nos jornais.

Anderson está no direito de cultivar esta pretensão; cabe a CBTKD se pronunciar à altura. Um presidente sério, de imediato, daria uma resposta condizente com o cargo que possui, dizendo: “Anderson vai precisar se filiar a uma federação, participar dos eventos do calendário nacional, ficar entre os primeiros do ranking nacional e disputar as lutas seletivas com os principais pesos-pesados do Brasil”.

Foi o que fez o técnico da Seleção Brasileira, Fernando Madureira, em entrevista concedida à ISTO É independente. Madureira disse que Anderson vai ter de lutar com os principais nomes do taekwondo brasileiro. Hoje, Guilherme Félix, Maicon Andrade e Lucas Ferreira. Mas será esta a resposta de Carlos Fernandes?

O que se teme, conhecendo as artimanhas da entidade, é que, de alguma forma, as coisas acabem se acomodando de outro jeito. Madureira afirma que não! Ele acrescentou que a definição precoce, junto ao Comitê Olímpico Brasileiro, de uma das quatro categorias a que o país tem direito (a acima de 80 Kg) ocorreu antes da carta de pretensão de Anderson.

De qualquer forma, esta definição da categoria, em meu humilde entendimento, acabará sendo boa para Guilherme Félix, Maicon Andrade e Lucas Ferreira, os principais pesos-pesados do Brasil. Isso porque, se Anderson realmente aceitar participar das seletivas, os três vão ganhar os holofotes da mídia mundial. 

Por outro lado, acho improvável que Anderson tenha condições de vencê-los? Não há como, em tão pouco tempo, ele adquirir habilidade suficiente para desbancá-los. 

Assim, em vista de todo o retorno mercadológico que o Spider trará ao taekwondo brasileiro (positivo ou negativo), não duvidaria de um caminho pra ele mais facilitado.

O que tudo isso envolve? Muita coisa; estamos falando de Anderson Silva em uma Olimpíada. Estamos falando de um ícone do UFC lutando contra atletas de taekwondo.
Seria ingenuidade pensar que tal cartada não esteja bem alinhavada por todo o retorno comercial que ela envolve.




Vamos aguardar.

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Surgimento meteórico de um promissor campeão

Marcus Rezende
Maicon ladeado pelos treinadores Reginaldo Santos (esq) e Clayton Santos 

Nada como olhos de grande treinador pra enxergar um diamante bruto. Aquele que bem lapidado pode até, simbolicamente falando, se transformar em Ouro. Mas não qualquer ouro; sim um Ouro Olímpico. E os olhos não são de qualquer um. Mas sim de um outro fenômeno brasileiro, Reginaldo Santos, que faz parte da nova safra de treinadores do taekwondo brasileiro. Ele vem se destacando em parceria com o irmão Clayton Santos. Ambos desenvolvem um trabalho de excelência em São Caetano do Sul (SP) e, a cada ano, em número cada vez maior, classificam atletas à Seleção Brasileira.
Este ano não foi diferente, puseram 10 na seleção principal e quatro nas de base (Cadete e Juvenil). Entretanto, um deles merece destaque especial em razão do quanto já conquistou em tão pouco tempo, depois que passou a treinar no Centro de Treinamento de São Caetano. O nome dele é Maicon Andrade.
Aos 21 anos, caçula de oito irmãos, Maicon começou a treinar taekwondo em 2007, em Justinópolis, distrito de Ribeirão das Neves, interior de Minas Gerais, em um Núcleo Esportivo e Cultural, onde conseguiu chegar à faixa preta. Algum tempo depois precisou deixar os treinos e largar os estudos. A mãe adquirira um câncer e Maicon tinha de ser mais um na família a ajudar. Ele passou então a trabalhar como ajudante de pedreiro e garçom. Contudo não largou de vez os treinos que ficaram restritos aos domingos.
Em 2012, foi convidado às pressas a participar dos Jogos Regionais (SP), da Segunda Divisão, representando a cidade de Jundiaí, no lugar do atleta principal que havia se lesionado.
Então... sabe aquela história dos olhos que enxergam? Foi o que aconteceu. Mesmo não vencendo, Reginaldo e o irmão viram naquele diamante bruto um ouro a ser lapidado. O convite para que fosse treinar com eles em São Caetano foi feito e Maicon aceitou na hora. Além de talentoso, naquele momento, ele mostrou que era inteligente o suficiente para perceber a chance de conquistar o espaço que seria dele no taekwondo.
A equipe de São Caetano vislumbrou no jovem talento um grande atleta e que o futuro dele estava na verdade no peso de cima, na categoria pesado, acima de 87 quilos. Ele ganhou massa muscular e, após seis meses de trabalho, passou vencer todas as competições por este Brasil afora, tornando-se titular da seleção brasileira.
Reginaldo e Clayton sabiam que Maicon poderia muito mais. Passaram a investir para que lutasse nos campeonatos abertos fora do Brasil. Juntaram as moedas e levaram o jovem a cinco torneios internacionais. Ele trouxe medalha em todos. Foi ouro no Festival pan-Americano, no México; prata no Aberto da Ucrânia; bronze no Aberto dos Estados Unidos (US OPEN); ouro no Aberto de Alexandria (Egito) e bronze no Aberto de Luxor, também no Egito.
Nas lutas que realizou desbancou atletas do mais alto gabarito, tais como o alemão Volker Wodzich (4º no ranking Mundial), a quem já derrotou em três oportunidades; o americano Stephen Lambdin (7º no ranking) em quem aplicou um belo nocaute no Aberto da Ucrãnia; o compatriota Guilherme Cezário (12º no ranking) a quem venceu em quatro oportunidades entre outros como o coreano Choi Ho Jo; o argentino Martin Sio e o nigeriano Abdoul Issoufou, todos bem posicionados no ranking da Federação Mundial de Taekwondo.
Apesar de ter iniciado recentemente a trajetória por melhor posicionamento no ranking mundial, Reginaldo ainda nutre esperanças de que ele consiga ser um dos representantes do Brasil nos Jogos Olímpicos. Reginaldo diz que o menino é um fenômeno e que vai agora em busca da vaga para os Jogos Pan-Americanos, no meio do ano, em Toronto, no Canadá, para se juntar aos companheiros de treino em São Caetano, já classificados, Henrique Precioso, Gustavo Almeida e Raphaella Galacho.