Marcus Rezende
Maicon ladeado pelos treinadores Reginaldo Santos (esq) e Clayton Santos |
Nada como olhos de
grande treinador pra enxergar um diamante bruto. Aquele que bem
lapidado pode até, simbolicamente falando, se transformar em Ouro. Mas não qualquer ouro;
sim um Ouro Olímpico. E os olhos não são de qualquer um. Mas sim
de um outro fenômeno brasileiro, Reginaldo Santos, que faz parte da
nova safra de treinadores do taekwondo brasileiro. Ele vem se
destacando em parceria com o irmão Clayton Santos. Ambos desenvolvem
um trabalho de excelência em São Caetano do Sul (SP) e, a cada ano,
em número cada vez maior, classificam atletas à Seleção
Brasileira.
Este ano não foi
diferente, puseram 10 na seleção principal e quatro nas de base
(Cadete e Juvenil). Entretanto, um deles merece destaque especial em
razão do quanto já conquistou em tão pouco tempo, depois que passou
a treinar no Centro de Treinamento de São Caetano. O nome dele é
Maicon Andrade.
Aos 21 anos, caçula
de oito irmãos, Maicon começou a treinar taekwondo em 2007, em
Justinópolis, distrito de Ribeirão das Neves, interior de Minas
Gerais, em um Núcleo Esportivo e Cultural, onde conseguiu chegar à
faixa preta. Algum tempo depois precisou deixar os treinos e largar
os estudos. A mãe adquirira um câncer e Maicon tinha de ser mais um na família a ajudar. Ele
passou então a trabalhar como ajudante de pedreiro e garçom.
Contudo não largou de vez os treinos que ficaram restritos aos
domingos.
Em 2012, foi
convidado às pressas a participar dos Jogos Regionais (SP), da
Segunda Divisão, representando a cidade de Jundiaí, no lugar do
atleta principal que havia se lesionado.
Então... sabe aquela
história dos olhos que enxergam? Foi o que aconteceu. Mesmo não vencendo, Reginaldo e o
irmão viram naquele diamante bruto um ouro a ser lapidado. O convite
para que fosse treinar com eles em São Caetano foi feito e Maicon
aceitou na hora. Além de talentoso, naquele momento, ele mostrou que
era inteligente o suficiente para perceber a chance de conquistar o
espaço que seria dele no taekwondo.
A equipe de São
Caetano vislumbrou no jovem talento um grande atleta e que o futuro dele
estava na verdade no peso de cima, na categoria pesado, acima de 87 quilos. Ele ganhou
massa muscular e, após seis meses de trabalho, passou vencer todas
as competições por este Brasil afora, tornando-se titular da
seleção brasileira.
Reginaldo e Clayton
sabiam que Maicon poderia muito mais. Passaram a investir para que
lutasse nos campeonatos abertos fora do Brasil. Juntaram as moedas e
levaram o jovem a cinco torneios internacionais. Ele trouxe medalha
em todos. Foi ouro no Festival pan-Americano, no México; prata no
Aberto da Ucrânia; bronze no Aberto dos Estados Unidos (US OPEN); ouro no
Aberto de Alexandria (Egito) e bronze no Aberto de Luxor, também no
Egito.
Nas lutas que realizou desbancou
atletas do mais alto gabarito, tais como o alemão Volker Wodzich (4º
no ranking Mundial), a quem já derrotou em três oportunidades; o
americano Stephen Lambdin (7º no ranking) em quem aplicou um belo
nocaute no Aberto
da Ucrãnia; o compatriota Guilherme Cezário (12º no ranking) a quem venceu em quatro oportunidades entre outros como o coreano Choi
Ho Jo; o argentino Martin Sio e o nigeriano Abdoul Issoufou, todos
bem posicionados no ranking da Federação Mundial de Taekwondo.
Apesar de ter
iniciado recentemente a trajetória por melhor posicionamento no ranking mundial,
Reginaldo ainda nutre esperanças de que ele consiga ser um dos
representantes do Brasil nos Jogos Olímpicos. Reginaldo diz que o menino é um fenômeno e que vai agora em busca da vaga para os Jogos Pan-Americanos, no meio
do ano, em Toronto, no Canadá, para se juntar aos companheiros de
treino em São Caetano, já classificados, Henrique Precioso, Gustavo
Almeida e Raphaella Galacho.