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quarta-feira, 1 de abril de 2015

Surgimento meteórico de um promissor campeão

Marcus Rezende
Maicon ladeado pelos treinadores Reginaldo Santos (esq) e Clayton Santos 

Nada como olhos de grande treinador pra enxergar um diamante bruto. Aquele que bem lapidado pode até, simbolicamente falando, se transformar em Ouro. Mas não qualquer ouro; sim um Ouro Olímpico. E os olhos não são de qualquer um. Mas sim de um outro fenômeno brasileiro, Reginaldo Santos, que faz parte da nova safra de treinadores do taekwondo brasileiro. Ele vem se destacando em parceria com o irmão Clayton Santos. Ambos desenvolvem um trabalho de excelência em São Caetano do Sul (SP) e, a cada ano, em número cada vez maior, classificam atletas à Seleção Brasileira.
Este ano não foi diferente, puseram 10 na seleção principal e quatro nas de base (Cadete e Juvenil). Entretanto, um deles merece destaque especial em razão do quanto já conquistou em tão pouco tempo, depois que passou a treinar no Centro de Treinamento de São Caetano. O nome dele é Maicon Andrade.
Aos 21 anos, caçula de oito irmãos, Maicon começou a treinar taekwondo em 2007, em Justinópolis, distrito de Ribeirão das Neves, interior de Minas Gerais, em um Núcleo Esportivo e Cultural, onde conseguiu chegar à faixa preta. Algum tempo depois precisou deixar os treinos e largar os estudos. A mãe adquirira um câncer e Maicon tinha de ser mais um na família a ajudar. Ele passou então a trabalhar como ajudante de pedreiro e garçom. Contudo não largou de vez os treinos que ficaram restritos aos domingos.
Em 2012, foi convidado às pressas a participar dos Jogos Regionais (SP), da Segunda Divisão, representando a cidade de Jundiaí, no lugar do atleta principal que havia se lesionado.
Então... sabe aquela história dos olhos que enxergam? Foi o que aconteceu. Mesmo não vencendo, Reginaldo e o irmão viram naquele diamante bruto um ouro a ser lapidado. O convite para que fosse treinar com eles em São Caetano foi feito e Maicon aceitou na hora. Além de talentoso, naquele momento, ele mostrou que era inteligente o suficiente para perceber a chance de conquistar o espaço que seria dele no taekwondo.
A equipe de São Caetano vislumbrou no jovem talento um grande atleta e que o futuro dele estava na verdade no peso de cima, na categoria pesado, acima de 87 quilos. Ele ganhou massa muscular e, após seis meses de trabalho, passou vencer todas as competições por este Brasil afora, tornando-se titular da seleção brasileira.
Reginaldo e Clayton sabiam que Maicon poderia muito mais. Passaram a investir para que lutasse nos campeonatos abertos fora do Brasil. Juntaram as moedas e levaram o jovem a cinco torneios internacionais. Ele trouxe medalha em todos. Foi ouro no Festival pan-Americano, no México; prata no Aberto da Ucrânia; bronze no Aberto dos Estados Unidos (US OPEN); ouro no Aberto de Alexandria (Egito) e bronze no Aberto de Luxor, também no Egito.
Nas lutas que realizou desbancou atletas do mais alto gabarito, tais como o alemão Volker Wodzich (4º no ranking Mundial), a quem já derrotou em três oportunidades; o americano Stephen Lambdin (7º no ranking) em quem aplicou um belo nocaute no Aberto da Ucrãnia; o compatriota Guilherme Cezário (12º no ranking) a quem venceu em quatro oportunidades entre outros como o coreano Choi Ho Jo; o argentino Martin Sio e o nigeriano Abdoul Issoufou, todos bem posicionados no ranking da Federação Mundial de Taekwondo.
Apesar de ter iniciado recentemente a trajetória por melhor posicionamento no ranking mundial, Reginaldo ainda nutre esperanças de que ele consiga ser um dos representantes do Brasil nos Jogos Olímpicos. Reginaldo diz que o menino é um fenômeno e que vai agora em busca da vaga para os Jogos Pan-Americanos, no meio do ano, em Toronto, no Canadá, para se juntar aos companheiros de treino em São Caetano, já classificados, Henrique Precioso, Gustavo Almeida e Raphaella Galacho.