Marcus Rezende
Há alguns anos,
quando o nosso grande lutador de MMA, Anderson Silva, foi convidado a
tornar-se embaixador do taekwondo brasileiro, todos esperavam dele
uma
contrapartida que tornasse a modalidade mais popular. Porém,
Anderson sequer mencionou a arte marcial nas aparições posteriores
à homenagem marqueteira do senhor Carlos Fernandes, presidente da
CBTKD.
Anderson Silva -
após as fragorosas derrotas contra o Norte-Americano Chris Weidman e
o pífio combate contra Nick Diaz, oportunidade em que foi pego no
exame antidoping - agora, parece ter lembrado de que um dia foi
condecorado embaixador do taekwondo pela CBTKD.
Aos 40 anos ele quer
realizar o sonho de disputar uma olimpíada. E por que não no
taekwondo, considerando ser um faixa preta da modalidade e o maior
nome do MMA de todos os tempos?
Independentemente da
medalha olímpica, que muito dificilmente ele traria (pois o
jogo dos pontos no taekwondo é muito diferente da contundência do
MMA no UFC) o que parece valer mesmo nesta hora é a publicidade do
fato; é a mídia; é o posar pra foto; é o sair nos jornais.
Anderson está no
direito de cultivar esta pretensão; cabe a CBTKD se pronunciar à
altura. Um presidente sério, de imediato, daria uma resposta
condizente com o cargo que possui, dizendo: “Anderson vai precisar
se filiar a uma federação, participar dos eventos do calendário
nacional, ficar entre os primeiros do ranking nacional e disputar as
lutas seletivas com os principais pesos-pesados do Brasil”.
Foi o que fez o
técnico da Seleção Brasileira, Fernando Madureira, em entrevista concedida à ISTO É
independente. Madureira disse que Anderson vai ter de lutar com os
principais nomes do taekwondo brasileiro. Hoje, Guilherme Félix,
Maicon Andrade e Lucas Ferreira. Mas será esta a resposta de Carlos
Fernandes?
O que se teme,
conhecendo as artimanhas da entidade, é que, de alguma forma, as
coisas acabem se acomodando de outro jeito. Madureira afirma que não!
Ele acrescentou que a definição precoce, junto ao Comitê Olímpico
Brasileiro, de uma das quatro categorias a que o país tem direito (a
acima de 80 Kg) ocorreu antes da carta de pretensão de Anderson.
De qualquer
forma, esta definição da categoria, em meu humilde entendimento,
acabará sendo boa para Guilherme Félix, Maicon Andrade e Lucas
Ferreira, os principais pesos-pesados do Brasil. Isso porque, se
Anderson realmente aceitar participar das seletivas, os três vão
ganhar os holofotes da mídia mundial.
Por outro lado,
acho improvável que Anderson tenha condições de vencê-los? Não há como, em tão pouco tempo, ele adquirir habilidade suficiente para desbancá-los.
Assim, em vista de todo o retorno mercadológico que o Spider trará
ao taekwondo brasileiro (positivo ou negativo), não duvidaria de um caminho pra ele mais facilitado.
O que tudo isso
envolve? Muita coisa; estamos falando de Anderson Silva em uma
Olimpíada. Estamos falando de um ícone do UFC lutando contra
atletas de taekwondo.
Seria ingenuidade
pensar que tal cartada não esteja bem alinhavada por todo o retorno
comercial que ela envolve.
Vamos aguardar.