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domingo, 15 de janeiro de 2012

Competições de taekwondo e arquibancadas vazias

Marcus Rezende

Se formos fazer uma avaliação das atividades de fomento promovidas pelas entidades de administração no Brasil, veremos que, com raríssimas exceções, as únicas coisas que promoveram ao longo de tantos anos foram somente as competições estaduais. Invariavelmente com ginásios vazios. Nas arquibancadas, somente a família e os colegas dos atletas, bem como os próprios competidores a esperar por suas lutas.
O resultado deste desleixo ao longo de todos estes anos é a sociedade não conhecer o taekwondo arte marcial e, muito pouco, o taekwondo olímpico.
Chutes como o Ap (frontal), yop (lateral), nerio (por cobertura de cima para baixo) e mondolho tchagui (giratório), são famosos desconhecidos de quem só conhece o taekwondo pelo nome. Mas também daqueles que conhecem a modalidade por conta de transmissões desportivas pela TV.
A conseqüência desta falta de divulgação, paralelamente a ascensão do MMA, criou uma situação curiosa e um tanto esdrúxula: os chutes desferidos pelos lutadores no octógono do MMA estão sendo creditados tão-somente ao Muay Thay.
Culpa dos jornalistas, narradores e comentaristas? Não. A culpa é de quem nunca pensou em levar o taekwondo onde o povo está. A culpa é de quem esperou que a sociedade subisse as escadas das academias para assistir a uma aula de taekwondo e depois se matriculasse. A culpa é de quem achou que organizando somente competições de taekwondo estaria fomentando a modalidade. A culpa é de quem à frente de uma entidade de administração, só se preocupa com as seleções de atletas.
O taekwondo, durante todos estes anos, não saiu das quatro paredes das academias, tampouco das sedes das entidades.
Nas Olimpíadas de 2004, quando eu fiz os comentários pelo SporTV (na época, o chute no rosto valia só um ponto a mais que o bandal no colete), em um dos intervalos, o narrador virou-se para mim, um tanto entediado com aquelas trocas contínuas de bandal e me perguntou: “o taekwondo é só isso?”. Não havia tempo para lhe explicar que era muito mais que aquilo.
Hoje, as redes sociais estão de certa forma fazendo o que as administrações desportivas deveriam ter feito. Professores, alunos, mestres começam a divulgar o taekwondo em todos os seus aspectos.
Atualmente, as novas regras de competição começam a resgatar uma beleza que estava escondida. Com os chutes no rosto valendo 3 ou 4 pontos, as coisas começam a voltar ao seu devido lugar.
Para fechar, para quem viu, ficamos com a beleza do chute de Edson Barbosa, na luta contra o inglês Terry Etim, no UFC do Rio, ocorrido nesta madrugada de sábado para domingo, dia 15 de Janeiro, demonstrando o poder do giratório do taekwondo: o mondolho tchagui.