Por José Afonso
A mensagem de fim de ano do Presidente da WTF, Sr. Chungwon Choue, de alguma forma nos fornece dicas importantes para as linhas gerais que a entidade máxima do taekwondo mundial propõe e espera de suas afiliadas espalhadas pelos 4 cantos da Terra.
Politicamente correto ou não, este dirigente mundial, desde que assumiu a WTF, sucedendo o questionável Un Yong Kim, vem mantendo um discurso coerente, pois já no início do seu primeiro mandato, definia que o Taekwondo Marcial, o Taekwondo Olímpico e o Taekwondo Social seriam os pilares da sua gestão frente à entidade.
Recentemente, em sua mensagem de ano novo, voltou a lembrar à comunidade taekwondista mundial de suas intenções e dos propósitos da WTF: olhar e cuidar da juventude. Notem que ele deixa muito claro a necessidade de tratarmos como prioridade os sonhos da juventude, principalmente em criar condições a todos de sonharem de forma possível, bem como de vislumbrarem o sonho olímpico.
Desta forma, a dúvida que surge é saber como suas filiadas, que se dizem oficiais no controle do esporte olímpico poderão ajudar, para que se ponha em prática o ideal da Federação Mundial de Taekwondo em 2012, e que políticas devem ser implementadas para o alcance deste objetivo. “Espalhando sonhos e esperança para a juventude do mundo". Fora isto, se “essas esperanças e sonhos são um direito de cada jovem ao redor do mundo”, quais ações seriam necessárias para uma mudança na cultura política das entidades que gerenciam o esporte no Brasil, para que cada dirigente contemple isto na prática.
Na realidade, quando o Presidente Choue define a prioridade, ele chega a citar os desalojados e menos favorecidos da sorte, ou seja, os excluídos. Isto nos remete a um ponto relevante: quais ações taekwondistas estão adequadas como ferramenta de inclusão social e como instigamos o interesse dos jovens à prática do taekwondo?
Ainda que alguns trabalhos existam, feitos de forma isolada ou desarticulada, além das possibilidades que o Programa Mais Educação oferece, pouco observamos nos discursos dos nossos dirigentes alguma disposição neste sentido.
A cultura política que norteia as ações em nossas entidades ainda precisa de um choque de propósitos. Muitos dos nossos dirigentes precisam perceber a relevância de suas funções, seu papel como agente social e o significado de ser altruísta. E mais: precisam de maior conexão com os propósitos e campanhas da entidade mundial.
Gerenciar um esporte olímpico deve ir além da perspectiva míope da média dos nossos cartolas desportivos. O que seria, por exemplo: “e ajudar a retirar crianças da rua e conduzi-las a um estilo de vida disciplinada e orientado por objetivos”.
Além disso, se:
“Os Jogos Olímpicos trazem um espírito de desportivismo, triunfo e glória a todos que já tenham assistido ou testemunharam sua grandeza. Mas isso só pode ser alcançado pela esperança que é instilada dentro de nós de que é possível alcançar, e isto começa no coração dos jovens. Este ano, começamos um esforço maior para espalhar essa esperança e sonhos para a juventude. Mesmo que cada ser humano tenha o direito de tê-los em suas vidas, certamente são os nossos jovens que urgentemente mais necessitam disso hoje. Os jovens de hoje são os campeões de amanhã!”
Qualquer ação política que os órgãos responsáveis pelo taekwondo, vinculados a WTF, queiram vislumbrar para este ano, passa por um redirecionamento agregador, principalmente àqueles que venha a esboçar sonhos e esperanças com o esporte olímpico.
Num país onde tudo é possível, quem sabe não nos deparamos com um cenário mais animador.