Recentemente, no
facebook, me deparei com uma discussão referente aos valores das
taxas de exames cobrados por bancas examinadoras e chancelados pela
Confederação Brasileira de Taekwondo. Era uma nota
da CBTKD de 12 de Abril deste ano abrindo inscrições para os
incautos que quisessem realizar exames de faixa com uma banca de
mestres escolhida pela entidade nacional, no dia 4 de Junho passado.
Quando eu falo que a
coisa pode ser enquadrada como formação de quadrilha, não é
exagero, pois na nota explicativa, a CBTKD oficia que no dia marcado
só recolheria as taxas de registro “conforme tabela em vigor”.
Porém, expõem escancaradamente e deslavadamente uma tabela de
preços com os valores das taxas dos exames que obrigatoriamente
teriam de ser pagas (na hora) à banca examinadora. Ou seja, aos
escolhidos pela CBTKD. Ou melhor, abrindo o verbo e falando de forma
clara: aos caras que iriam botar a GRANA NO BOLSO e bem sonegada do
Imposto de Renda. Os valores indecentes, porém, ninguém explica quem foi que estipulou. Ou seja, ninguém quer ser o pai da criança feia.
O camarada, louco
para virar “MEXTRE”, chega com o paco de R$ 5 mil e entrega às
mãos de um desses escolhidos. O outro, ávido para chegar ao 5º
dan, entrega R$ 6,5 a um outro agraciado amigo do poder. Gente que muitas vezes nunca viu o praticante que será examinado. Tudo às
claras e sem nenhum constrangimento das partes.
Quero deixar claro
outra coisa: não sou contra a cobrança de taxas
de exame tampouco questiono os valores que cada um cobra. Esta
questão cabe a cada Mestre, a cada Escola, a cada discípulo e dos objetivos que envolvem o repasse destes honorários divididos proporcionalmente entre grão-mestres, mestres e professores.
No desenrolar do
debate, caiu-se no tema do certificado da CBTKD ser ou não
obrigatório e se não bastaria ao faixa-preta portar somente o da
Kukkiwon (reconhecido mundialmente), já que autonomamente o mestre e
a sua respectiva Escola podem emitir o documento comprobatório de
graduação.
Independentemente de
ser necessário ou não o certificado da CBTKD, o problema não está
neste pedaço de papel, mas sim na chantagem e na desonestidade
existente há anos para obtê-lo. Se fossem sérios e desprovidos de
interesse referente as taxas de exame de faixas-pretas, os que
dirigiram a entidade até os dias de hoje não criariam dificuldades
aos praticantes para se registrarem e receberem o diploma nacional.
Bastaria que o faixa-preta apresentasse o requerimento de registro
chancelado por um mestre já registrado à entidade para que o pedido
fosse acatado, deixando tudo o mais sob responsabilidade de cada mestre.
Mas, não. Aqui no
Brasil a coisa é louca mesmo. O cara primeiro tem que ser federado (mesmo a que a Constituição do país diga que ninguém é obrigado a filiar-se ou manter-se filiado), ter o certificado da
federação e também o da confederação.
Digamos que o
sujeito tenha um certificado de 6º dan da Kukkiwon por meio de outra
entidade e queira se registrar à CBTKD. Como vão proceder? Vão
exigir que faça um exame para comprovar a graduação? De certo que a única coisa que deveriam exigir, neste caso, é o pagamento da taxa de
registro, referente àquela graduação. Mas por aqui, se podem dificultar, porque vão facilitar?
O resultado deste
enrosco é simples. Os mestres que tem um pouquinho de discernimento
de tamanha desonestidade simplesmente deixam de trabalhar com as
entidades e passam a trabalhar sozinhos. E os que não conseguem
enxergar fora do quadrado, se submetem à ignomínia, como se outro
caminho não existisse.
Todos os que se
beneficiam com o atrelamento dos exames de faixa-preta e dan são
dirigentes ou amigos de dirigentes. Se não estivessem por cima da
carne-seca, não se submeteriam ao que eles próprios impõem.