Marcus Rezende
Quando os
presidentes das federações estaduais assinaram o manifesto em favor
do presidente da CBTKD, Carlos Fernandes, publicado em site que
outrora contou com algum prestígio (e que hoje se presta a ser
somente o porta-voz da entidade) passaram a apoiar também todos os
atos que estão sob investigação no Ministério Público Federal e
Polícia Federal. De quebra ainda se contrapuseram às decisões
judiciais recentes de primeira e segunda instância cujo teor anulou
os atos da CBTKD, desde o dia em que aprovaram fraudulentamente o
estatuto da entidade, segundo o desembargador da 3ª Câmara do Rio
de Janeiro, Peterson Barroso Simão.
Sendo assim, tais
presidentes, ao assinarem tal manifesto, de certa forma, mantêm o
apoio às desfiliações das federações de MG, SP, RO e RJ, mesmo
com a decisão do desembargador em favor da Federação de Minas
Gerais (autora da ação) e da revogação de todos os atos cometidos
pela confederação desde a aprovação do novo estatuto.
Acredito que os
taekwondistas estejam esperando que os presidentes sustentem este
apoio quando os inquéritos da Polícia Federal começarem a pipocar
em cima da entidade. Há um que cuida das fraudes nas auditorias
realizadas com recursos da Lei Piva. Outro que trata das suspeições
de licitações fraudulentas com superfaturamentos, a partir de
convênios com o Ministério dos Esportes.
Segundo
informações coletadas , mas que não podemos detalhar para não
atrapalhar as investigações, o que vem sendo apurado remonta à
época do presidente Jung Roul Kim, pouco antes de ele perder o
mandato: um contrato valioso aprovado pelo Ministério dos Esportes,
cujos valores foram sendo repassados à CBTKD ao longo do período.
Com este dinheiro, foram realizados os procedimentos licitatórios,
os quais estão sob investigação.
Além disso, não
podemos nos esquecer de outras denúncias apresentadas pelo
vice-presidente da desfiliada Federação de Minas Gerais, Marcelino
Barros. Entre elas a de uma auditoria dos anos de 2010 e 2011,
realizada por Márcio Silmar, um engenheiro eletrônico, que foi
contratado pela confederação como auditor. Isso ocorreu logo depois
que uma assembleia afastou Jung Roul Kim da presidência da CBTKD, abrindo caminho para Carlos Fernandes assumir o cargo interinamente.
Os laudos do engenheiro eletrônico Silmar (o mesmo que foi apresentador de cerimônias quando Anderson Silva foi apresentado como embaixador do taekwondo) contratado como auditor, sem que houvesse licitação, foram
apresentados à Justiça para que o presidente já deposto internamente, fosse também afastado judicialmente.
Silmar utilizou uma
empresa com endereço no Centro do Rio cuja sede era em
Itabira, interior de Minas Gerais, cujos proprietários desconheciam
a tal auditoria promovida por ele. Marcelino conseguiu apurar tudo isso e apresentar as provas que fazem parte de um dos inquéritos.
Estão sentindo o tamanho do problema???
E o que dizer da tal
da Renascer. Uma empresa de bebidas que venceu a licitação para
vender tatames importados à CBTKD? A empresa trouxe o equipamento de
fora do país sem que possuísse autorização para importar. Este
caso foi amplamente divulgado na imprensa.
Diversos
depoimentos estão sendo colhidos para a finalização dos
inquéritos. E já tem gente abrindo o bico e confirmando todas as
desconfianças.
É por essas e
outras que o sujeito na posição de presidente de uma entidade
estadual precisa ter um pouco mais de cuidado ao assinar apoio sem
restrições àquele que está sob intensa investigação.