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segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Brasileiro por Federações: o retrocesso do taekwondo

Marcus Rezende

Quando eu converso com alguns dirigentes sobre a importância de no Brasil priorizar-se as competições nacionais interclubes, e enfatizo que o Campeonato Brasileiro e a Copa do Brasil, nos moldes em que são realizados, se constituem no maior retrocesso de nossa modalidade, parece que estou cometendo alguma heresia.
O Campeonato Brasileiro por federações foi criado na década de 70: uma época em que não havia clubes suficientes para a formação de equipes. Daí a necessidade, naquele momento, de se formar seleções estaduais.
Com o passar dos anos e o crescimento da modalidade, em vez de aposentarem essa estrutura arcaica, a CBTKD e a maioria dos presidentes das federações continuaram insistindo na formação de seleções estaduais em detrimento da possibilidade de as academias, clubes e associações aparecerem no cenário nacional.
Atualmente, há diversos treinadores com suas equipes, presos a um sistema que os impede de aparecer nacionalmente, pois a estrutura criada os deixa participar (com seus atletas e sua agremiação) somente até o campeonato estadual. No cenário nacional, cada federação se transforma em um clube e o presidente escolhe um técnico de sua confiança para treinar aqueles campeões estaduais.
Em que lugar do mundo isso acontece? Só mesmo no Brasil?
Recordo-me, em 2000 - quando era técnico do Vasco da Gama cujo elenco do taekwondo era a base da seleção brasileira -, do dia em que disse, em reunião com dirigentes do clube, que o Vasco não poderia disputar a competição nacional, mas somente a estadual. Os dirigentes riram e acharam que fosse uma piada, pois todas as modalidades existentes no Clube levavam a marca do clube a competições nacionais. Tentei amenizar dizendo que o Clube poderia disputar os Abertos que surgissem. Eles ironizaram o modo de pensar dos dirigentes da entidade.
Pois bem, oito anos se passaram e uma estrutura parecida com a que tinha o Vasco começa a ganhar força no interior do estado de São Paulo. Mesmo assim, nada se faz para mudar o anacronismo desportivo do taekwondo brasileiro, tampouco a direção técnica da entidade mexe-se para tentar convencer os presidentes das federações a entenderem o que significa, para o aumento do nível técnico dos atletas, ocorrerem no Brasil competições nacionais com as agremiações e não com as federações.

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