
Recebi recentemente um scrap de um leitor deste blog, faixa preta da antiga, que me motivou a escrever este artigo, o qual já tinha vontade de faze-lo havia tempo. Ele dizia algo sintomático: “o taekwondo atual é uma verdadeira esquisitice”. O leitor está coberto de razão. Para quem treinou na década de 70, como eu, que tive o privilégio de aprender com o grão-mestre Jung Roul Kim e ouvi-lo dizer (durante a execução de cada soco, chute, cotovelada, joelhada, entre outras técnicas) “apenas um golpe elimina”, pode muito bem entender o que o leitor quer dizer.
O mestre procurava fazer que seus alunos entendessem que um praticante de taekwondo não pode dar chance de aproximação ao adversário. Ele seguia a máxima de que a aplicação do golpe tinha que chegar primeiro e derrubar o oponente. Isto porque entendia braços e pernas como verdadeiras armas, desde que treinados convenientemente para tanto.
Já há anos que diversos professores, impregnados pela esportivização do taekwondo, abandonaram o ensino da arte marcial em sua essência, para ensinar as variantes do bandal e dubal, trabalhando sobretudo o alcance da velocidade de um chute facílimo de se executar. O resultado é um praticante que não chega a lugar nenhum, pois não forma base. O faixa-branca entra na academia achando que vai aprender a lutar e o ensinam a se movimentar como um competidor. Ele dificilmente será um campeão e com certeza se tornará um faixa-preta frustrado, quando perceber que o que aprendeu não serve como forma de defesa pessoal.
O taekwondo na essência é uma arte marcial ainda completamente desconhecida. O que é conhecido pela mídia (e ainda nem tanto) e pela opinião pública marcial é a luta desportiva taekwondo, ou seja, dois oponentes de protetores buscando conquistar pontos, utilizando o “peito do pé”.
O leigo acaba entendendo o taekwondo esportivo como uma luta limitada, pois nem mesmo o soco mais se usa. E por conta dessa anomalia é que os professores não ensinam nas academias a aplicação de socos, saltos com chutes, joelhadas, cotoveladas, etc.
Em treinamento, dentro da academia, o professor ensina ao aluno os segredos do clinche, depois de um bandal realizado, dizendo a ele que o árbitro vai separar os dois, não ensinando que aquele treino é somente para competições com regras, que na verdade, como arte marcial, ele teria de proteger o rosto e evitar o corpo a corpo.
É por essas e outras que escutamos muita gente dizer que o taekwondo não serve como defesa pessoal.
6 comentários:
Concordo com tudo.
O tkd de hj em dia, virou uma luta de fresco. Por que se o pé bate um pouco mais baixo ou pouco alto, o nosso parceiro de treino faz logo cara feia e isso deixa um mal estar durante o treinamento. A culpa é do porfessor que deixa o aluno melindrado, mal acostuma e pior, mal educado. POis os custumes do tkd estão se perdendo.É muito triste ver que um faixa colorida de hoje, não saber executar um chute alto com a precisão necessaria à graduação.
Sou faixa preta 5°dan e sobre seu comentário, caso queira ler algo mais, eu escrevi um artigo exatamente sobre isso. Basta acessar o link http://www.efdeportes.com/efd108/o-processo-de-esportivizacao-do-taekwondo.htm
Obrigado e um abraço a todos!
Mestre César Carvalho
concordo com tudo que foi dito ... mas tem gente tentando mudar isso.
www.taekwondomarcial.com.br
Tive a mais profunda satisafação de ter sido formado no verdadeiro TAE KWON DO pelo Sabom Kim na academia Nissei em Laranjeiras (1974) e na saudosa acadêmia (rss) na Rua da Carioca concordo com tudo....virou uma esquisitice com o HORRENDO nome de taekendo (??????)...Saudades...saudades ...saudades....abrssss
Artigo muito interessante sou fx preta de taekwondo desde 1990, e hoje em dia o taekwondo não agoniza, morreuuu. Tem mestres ai no 5º/6º dan ensinando essa porcaria de bandal chagui. Só sabem fazer isso; se tiver um contato pesado é violência. Como já ouvi por aí nova "geração" do taekwondo. Eu particularmente não treino esses "poonses" que parecem coisas de criança.
gabriel serapio
gabrielserapio@yahoo.com.br
Taykion!
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