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terça-feira, 23 de setembro de 2014

Monstro pode destruir as artes marciais no Brasil

Marcus Rezende


Quando achávamos que estávamos livres dos CREFs e dos dirigentes taekwonsditas puxa-sacos de plantão, que lutam para entregar o taekwondo aos Conselhos Regionais de Educação Física, eis que surge uma nova proposta na Comissão de Turismo e Desporto da Câmara dos Deputados para substituir uma outra ideia mal pensada, de 2008, do Deputado Marcelo Itagiba. Um verdadeiro monstro que pode destruir as artes marciais no Brasil.
Em Agosto do ano passado, o deputado Onofre Santo Agostini, (PSD-SC), conseguiu aprovar nesta Comissão uma proposta com novas regras para o ensino das artes marciais no Brasil. É um substitutivo ao Projeto de Lei 2.889/08, do Deputado carioca, apensado a mais seis propostas do mesmo teor, dos deputados Chico Alencar, Luciana Genro, Rogério Peninha Mendonça, Walter Feldman, Acelino Popó e Roberto Santiago.
De forma resumida, a ideia de Itagiba, de 2008, é a de criação de um Conselho Federal e de Conselhos Regionais de Artes Marciais, apoiados pelas entidades de administração de cada arte marcial. O deputado Onofre pegou o Projeto e as propostas dos outros deputados e o piorou. 
 Ou seja, de forma bem chula, ao professor de artes marciais restará o velho: OU DÁ ou DESCE! Ou você se registra aos Conselhos, às entidades de administração, faz curso de educação física ou então não vai poder ensinar artes marciais. Não importa o quanto treinou e domina as técnicas. Só vai poder repassar o que sabe, se seguir as regras, as quais, sob a alegação de protegerem à sociedade de maus professores de artes marciais, no fundo visam garantir o controle destes profissionais e, logicamente, auferir uma boa grana em cima do trabalho deles.
Para piorar, estes deputados – os quais provavelmente nunca praticaram artes marciais, exceto o Popó que foi o nosso grande campeão de boxe – querem que os conselhos deem carta branca às entidades de administração. Ou seja, todo o poder aos Presidentes.
Pra se ter uma ideia da ameaça que paira sobre a cabeça dos professores e mestres, pela proposta de Chico Alencar e Luciana Genro, as associações ou federações é que vão dizer se o faixa-preta está apto ou não a ensinar. Se o Chico conhecesse, por exemplo, a estrutura das federações de taekwondo do Brasil, jamais proporia isso. Dessa forma, a Escola daquele praticante perde a credibilidade e passa a pedir benção aos homens das entidades de administração daquela modalidade marcial. Que beleza!!! Veja se tem cabimento?
O deputado Walter Feldman vai além. O sujeito para ensinar tem de passar por um curso de formação de dois anos promovido por instituição de ensino de renome. Olha a grana sendo tirada do bolso do pobre do professor.
De acordo com o que propôs o deputado Roberto Santiago, a certificação de faixa preta seria dada por organizações estaduais e a entidade federal. O mestre original do praticante que vá catar coquinho em outro lugar. Uma excrescência.
Ou seja, querem criar um Conselho novo, paralelo ao Conselho Federal de Educação Física - CONFEF -, porém, utilizando-o para realizar cursos de formação. Uma beleza...não é verdade? Todo mundo sai ganhando. Menos o pobre do professor de artes marciais.
Mas o MONSTRENGO quer ir além. O sujeito, além de precisar receber o aval das entidades, terá de ser formado em educação física e no capítulo que tange aos exames de faixa, o professor deve manter as entidades informadas. Além disso, o examinador precisa possuir cursos básicos de anatomia humana e primeiros socorros. O exame de graduação deve, pasmem, privilegiar a “formação humanística, o caráter e o espírito de cidadania, de sociabilidade e de solidariedade e saúde física e o equilíbrio psíquico dos praticantes”.


Os professores de artes marciais precisam se mobilizar para impedir este absurdo. Estão criando uma arapuca e muitos vão perder e poucos vão ganhar muito!!