Marcus Rezende
As dificuldades por que
passam os atletas brasileiros estão diretamente ligadas ao sistema
político eletivo das entidades de administração, no qual as
associações e clubes não participam do processo de escolha dos
presidentes das confederações. Nestas Assembleias, somente votam no Chefe nacional os presidentes das
federações estaduais.
De forma bem
didática, a coisa é muito simples de compreender e totalmente
demonstrativa de um processo amplamente antidemocrático e
ditatorial. Não há como se falar em democracia no esporte se este
sistema não for modificado, bem como não se pode esperar grandes
avanços no aspecto técnico dos desportistas.
Desde sempre, por
essas bandas, quando se pensa em criar uma entidade que cuide
administrativamente de um esporte, o primeiro passo é a montagem de
uma associação, ou melhor, três associações para que, em
seguida, possa ser criada uma federação. Ou seja, o pretendente ao
cargo de presidente desta federação, cria as três associações
com pessoas de sua inteira confiança e se elege presidente estadual.
Seguindo a mesma
toada, desenvolve o processo em outros estados brasileiros. Ao
formar 3 federações, está criada aí a condição para a montagem
de uma confederação nacional. Os 3 presidentes das 3 federações
criadas, elegem aquele que vai cuidar do esporte nacionalmente. De
posse do poder nacional, o presidente da confederação desportiva
vai dando suporte para que outras pessoas formem federações em
outros estados, até que se complete o número de 27 entidades
estaduais, com 27 presidentes e, consequentemente, com 27 votos.
Agora me digam? Como
este presidente nacional vai perder o poder, sabendo que para se
eleger, basta conquistar 14 votos? Atualmente, com a quantidade de
dinheiro público jorrando em direção às confederações,
conquistar 14 amigos do peito, não é trabalho tão árduo.
Está é uma
política desmoralizante e que não está acompanhando a evolução
do esporte. Se pararmos, por exemplo, para olhar o nível dos
dirigentes que cuidam do taekwondo nacional, verificaremos que nem
tão cedo haverá luz no fim do túnel. Quando temos um presidente
nacional que escolhe para treinadores da seleção nacional dois
presidentes de federações, recebendo salários pagos por empresa
pública, sem o menor constrangimento, percebemos o nível de
comprometimento com a ética e a transparência.
Todo o dinheiro
despejado nas confederações desportivas, com raras exceções, de
nada vai valer se este sistema político eletivo não for modificado
por meio de lei federal. Enquanto os clubes e associações estiverem
alijados do processo de escolha dos presidentes das confederações,
o esporte brasileiro vai continuar amargando resultados vergonhosos
diante de nações muito menores que a nossa.