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sexta-feira, 20 de julho de 2012

Associações e Clubes alijados do processo político nacional eternizam presidentes no poder

Marcus Rezende

As dificuldades por que passam os atletas brasileiros estão diretamente ligadas ao sistema político eletivo das entidades de administração, no qual as associações e clubes não participam do processo de escolha dos presidentes das confederações. Nestas Assembleias, somente votam no Chefe nacional os presidentes das federações estaduais.
De forma bem didática, a coisa é muito simples de compreender e totalmente demonstrativa de um processo amplamente antidemocrático e ditatorial. Não há como se falar em democracia no esporte se este sistema não for modificado, bem como não se pode esperar grandes avanços no aspecto técnico dos desportistas.
Desde sempre, por essas bandas, quando se pensa em criar uma entidade que cuide administrativamente de um esporte, o primeiro passo é a montagem de uma associação, ou melhor, três associações para que, em seguida, possa ser criada uma federação. Ou seja, o pretendente ao cargo de presidente desta federação, cria as três associações com pessoas de sua inteira confiança e se elege presidente estadual.
Seguindo a mesma toada, desenvolve o processo em outros estados brasileiros. Ao formar 3 federações, está criada aí a condição para a montagem de uma confederação nacional. Os 3 presidentes das 3 federações criadas, elegem aquele que vai cuidar do esporte nacionalmente. De posse do poder nacional, o presidente da confederação desportiva vai dando suporte para que outras pessoas formem federações em outros estados, até que se complete o número de 27 entidades estaduais, com 27 presidentes e, consequentemente, com 27 votos.
Agora me digam? Como este presidente nacional vai perder o poder, sabendo que para se eleger, basta conquistar 14 votos? Atualmente, com a quantidade de dinheiro público jorrando em direção às confederações, conquistar 14 amigos do peito, não é trabalho tão árduo.
Está é uma política desmoralizante e que não está acompanhando a evolução do esporte. Se pararmos, por exemplo, para olhar o nível dos dirigentes que cuidam do taekwondo nacional, verificaremos que nem tão cedo haverá luz no fim do túnel. Quando temos um presidente nacional que escolhe para treinadores da seleção nacional dois presidentes de federações, recebendo salários pagos por empresa pública, sem o menor constrangimento, percebemos o nível de comprometimento com a ética e a transparência.
Todo o dinheiro despejado nas confederações desportivas, com raras exceções, de nada vai valer se este sistema político eletivo não for modificado por meio de lei federal. Enquanto os clubes e associações estiverem alijados do processo de escolha dos presidentes das confederações, o esporte brasileiro vai continuar amargando resultados vergonhosos diante de nações muito menores que a nossa.