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terça-feira, 31 de julho de 2012

Sem democracia no esporte não se pode pensar em medalhas olímpicas


Marcus Rezende

Não há como se pensar no desenvolvimento do esporte amador brasileiro sem que o sistema político desportivo passe por transformações significativas, como, por exemplo, uma profunda modificação no modo de se eleger o presidente de uma Confederação, para cujo êxito eleitoral atualmente basta a maioria simples dos votos de 27 presidentes de federações estaduais. Isto não é democrático e justo. O sistema brasileiro eletivo gera, na verdade, uma continuidade do subdesenvolvimento do desporto brasileiro, pois não é difícil entender que presidentes nacionais (dentro deste sistema) de tudo farão para se manter no poder, acabando por trabalhar (grosso modo) tão somente em prol dos interesses dos que possuem os votos.
Para o início de uma transformação, a legislação desportiva precisa mudar este ponto e inserir no sistema eletivo nacional as associações e clubes, para que um gestor nacional não se sinta tão pressionado por tão poucos eleitores. Podemos pegar como exemplo o que ocorre no taekwondo brasileiro. Alguns presidentes estaduais recebem cargos remunerados pagos por verba pública. Há imoralidade maior? Não seria isso entendido como uma compra subliminar de voto?
Não fosse desse jeito, o presidente poderia trabalhar realmente em prol de uma coletividade esportiva.
Este é o primeiro passo, na minha opinião, e primordial, à medida que o presidente nacional, trabalhando na direção dos clubes e associações estaria trabalhando, na verdade, com muita proximidade de treinadores, praticantes e atletas.
Dessa forma, poderia entender melhor as dificuldades por que passam os verdadeiros donos do espetáculo esportivo e trabalhar com mais acuidade em prol de projetos de fomento, de capacitação e empreendedorismo.
Assim, as ideias e ações voltadas para o desenvolvimento do esporte fluiriam. Estas entidades se fortaleceriam e poderiam crescer, pois saberiam da parcela de poder no cenário nacional. Os dirigentes de associações se sentiriam valorizados e com isso buscariam desenvolver as suas entidades.
Os recursos públicos e privados poderiam, em parte, migrar para estas células. O que vemos hoje são os recursos serem despejados exclusivamente nas confederações. E estas entidades, no mais das vezes, não sabem fazer uso adequado das verbas públicas. Consequentemente, por conta da falta de zelo e responsabilidade, acabam deixando de cair nas graças das empresas privadas.
Imagine tais receitas jorrando de forma descentralizada e fomentando o esporte em todos os cantos do país? À medida que associações fossem surgindo, automaticamente as entidades de administração regionais e nacional se tornariam mais democráticas e, aí, candidatos mais competentes surgiriam como opção para um colégio eleitoral mais amplo.