Marcus Rezende
Prevaleceu nestas
Olimpíadas a habilidade na execução dos chutes altos. O que antes
era uma tática arriscada, por conta das precisas entradas em bandal
por baixo, hoje se tornou essencial para quem pensa em lograr êxito
nas competições vindouras, pois o colete eletrônico tem se
mostrado muito traiçoeiro, mesmo àqueles que o atingem com
eficiência.
Antes de uma análise
(categoria a categoria), é preciso que se diga que Natalia Falavigna
e Diogo Silva fizeram bonito e não podem ser criticados por não
conseguirem avançar às medalhas. Diogo foi perfeito, mas ficou nas
mãos dos árbitros na luta semifinal e Natalia perdeu para uma
coreana. Decerto que foi flagrantemente prejudicada pelo Árbitro
Central. Porém, mesmo sem o grave erro, uma derrota para a excelente
atleta In Jong Lee não seria nenhum demérito para Natalia, que fez
nove pontos na adversária, apesar dos 13 sofridos, demonstrando que
estava no nível que se esperava dela.
Vamos analisar todas
as categorias.
No
Masculino
até 58 Kg, todos os quatro medalhistas tinham mais de 1,80m de
altura e usavam a perna da frente como movimento principal. Joel
Bonilla (ESP), foi quem melhor soube executar as novas valências
técnicas objetivando sempre pontuar mais que os adversários. E
assim o fez na final contra o coreano de 20 anos, Dae Hon Lee.
No
Masculino
até 68 Kg, prevaleceu a escola do turco louco, Servet Tazegul,
que não tem medo de atacar o tempo inteiro, utilizando um arsenal de
chutes que alavancam o placar. O turco também tem habilidade
suficiente para trocar taticamente no ponto a ponto, como fez na
final contra o iraniano Mohammad Bagheri.
No
Masculino
até 80 Kg, o argentino Sebastian Crismanich encheu os olhos dos
taekwondistas saudosistas de um taekwondo mais forte e marcial. Até
a hora de sua estreia, muita gente postava nas redes sociais que os
toques leves na cabeça sobrepujaria os disparos fortes com a perna
de trás. Crismanich mostrou o contrario com entradas firmes
objetivando o nocaute. O argentino derrotou seus oponentes sem abrir
mão de suas valências. Fez a final contra o espanhol Nicolas
Garcia, o qual (do outro lado da chave) vencia suas lutas
utilizando-se da perna da frente com tolhos tchaguis, tão somente
buscando os pontos. O argentino não deu chances para o espanhol e a
luta que se viu foi a vitória do taekwondo forte, veloz e violento,
contra o taekwondo técnico e tático dos pontos.
No
Masculino
acima de 80 Kg, foi onde residiu a maior surpresa entre os
homens, pois ninguém poderia imaginar que o italiano Carlo Monfetta,
com os seus 1,83m de altura, pudesse arrebatar o Ouro Olímpico.
Quando ele chegou a
semifinal para enfrentar o gigante Dabo Modibo Keita (MAL), de 2,03m,
dificilmente poderia se achar que o italiano pudesse vencê-lo. Mas
Molfetta (que em 2004, em Atenas, era da categoria de Diogo Silva e
para ele perdeu), foi taticamente perfeito contra o gigante africano.
Ele manteve-se próximo para executar, em primeiro tempo, chutes por
dentro da perna esquerda do malinense.
Porém, mais
surpreendente foi o oponente do italiano na final: Anthony Obame, do
Gabão, treinado pelo espanhol Juan Antônio Ramos (bicampeão
mundial 1997/2007). Obame apresentou, nas lutas que o levaram à
final, uma técnica fabulosa e um chute alto extremamente veloz. Na
final, depois de um empate em 9x9, ficou com a Prata por decisão dos
árbitros.
No
Feminino
até 49 Kg prevaleceu o favoritismo da campeã olímpica e
mundial, Jingyu Wu. Sua técnica? Nerio de direita. Mas então é só
marcar e contra-atacar. Não é assim tão simples; é como se fosse
o Garricha. Todos sabiam que o Mané pegaria a bola e cairia para a
direita, porém ninguém conseguia pará-lo. E assim a chinesa foi
desbancando Elizabeth Zamorra (GUA, 10 x 2), Erica Kasahara (JAP, 14
x 0), Lucija Zaninovich (CRO, 19 x 7) e a velha rival Brigitte Yague
(ESP,
8 x 1). Ouro
incontestável.
No
Feminino
até 57 Kg. A Japonesa Mayu Hamada, havia eliminado uma das
favoritas, a croata Ana Zaninovich, utilizando as mesmas armas que
fez da croata campeã mundial ano passado: o chute alto com a perna
da frente (14 x 11). Porém ao pegar, na segunda luta, a britânica
Jade Jones, não conseguiu fazer o mesmo, e a revelação britânica
infligiu-lhe um placar de 13 x 3. Aí, Jade precisaria passar pela
número 1 e 2 do ranking olímpico, respectivamente, para subir ao
pódio e colocar a medalha de Ouro no peito. E assim o fez contra a
fabulosa Tseng Li Cheng (TPE, 10 x 6) e Yuzhuo Hou (CHN 6 x 4).
No
Feminino
até 67 Kg, quando muitos achavam que a final seria entre Coreia
e Grã-Bretanha, a americana Paige McPherson tratou de modificar a
história, tirando do páreo Sarah Stevenson. Do outro lado da chave,
ainda estava uma campeã olímpica e bi mundial que não tinha nada
com isso e ia desbancando (do seu lado) uma a uma até chegar a final
e passar o carro. O termo é este: passar o carro, pois Kyung Seon
Hwang sobrou e encheu os olhos de quem aprecia um taekwondo vistoso,
técnico e de força. Ela arrebatou o Ouro da turca Nur Tatar por 12
x 5.
A maior de todas as
surpresas estava reservada para o
Feminino
acima de 67 Kg. As apostas recaiam para a mexicana Maria Spinoza,
a coreana In Jong Lee; a francesa Anne Caroline Graff e, porque não,
a brasileira Natalia Falavigna. Porém, quando a Servia Milica Mandic
colocou sobre a Crawley Talitiga (Samoa) um placar de 16 x 2, o
alerta se acendeu. Começava ali a aparecer a mais eficiente das
atletas que utilizam chutes seguidos no rosto com a perna da frente.
E não foi diferente, quando jogou a campeã olímpica de Pequim, a
mexicana Maria Spinoza, para a disputa do bronze, vencendo-a por 6 x
4.
Aí foi a vez da
russa Baryshnikova, possuidora de habilidade semelhante. Porem,
Milica passou por cima e impôs a ela um placar de 11 x 3. Teria de
enfrentar na final a francesa Graff, primeira do ranking mundial
Olímpico, que chegara também credenciada por grandes vitórias
contra In Jong Lee (KOR) e Glenhis Hernandez (CUB). Porém, o
improvável aconteceu: a sérvia venceu por 9 x 7.
Você
sabia
Que
em Setembro se encerra o prazo para a inscrição de chapas dos que
queiram concorrer a presidência da CBTKD, que será em Março de 2013? O Presidente Provisório
atual, que arbitrariamente modificou o estatuto da entidade, por meio de uma AGE, criou
regras que praticamente impedem a concorrência. Vamos lembrar algumas das
aberrações aprovadas, incluíndo as atentatórias à Constituição do país. Para
ser presidente, o candidato precisa ter mais de 40 anos (nem para ser Presidente
da República tal idade é exigida); precisa ser brasileiro nato;
precisa ter presidido uma federação por pelo menos cinco anos; ser
indicado por sete federações (antes, bastava uma); fazer a
inscrição da chapa com 180 dias de antecedência (anteriormente, bastava inscrevê-la 24 horas antes do pleito). E ele se diz um democrata...