Jair
Queiroz
(Adaptado
de um conto do livro “O poder do Tigre”, de K. Qian Gao – Ed.
V&R)
Existia
um rei muito ambicioso e arrogante, que não entendia que existiam
limitações a seu poder. Pensava que, por ser governante, tinha
licença para resolver as questões de Estado a seu bel prazer. Dizia
que, sendo soberano, podia fazer tudo o que quisesse, sem nenhum
problema. Eram épocas de catástrofes naturais e o povo padecia de
fome, mas ele só pensava em ampliar o seu reinado.
Certa
manhã, um conselheiro conduziu o monarca às montanhas para que
contemplasse a devastadora imagem de seu território: os campos
secos, a terra rachada. O rei olhou a sua volta e comentou com o
funcionário em tom desafiador:
-
Continuo convencido de que devo ampliar o meu reino para demonstrar
minha grandeza.
Quando
voltaram ao palácio o conselheiro, que também era um perito
atirador de facas, fez o seguinte teste diante do rei: colocou um
servo na frente de um alvo e começou a atirar facas com precisão ao
redor do seu corpo. Quando só lhe restava uma faca, perguntou ao
rei se ele confiaria em colocar-se no lugar do serviçal. O rei então
respondeu:
-
Claro que não! Quem me garante que você não vai errar exatamente a
última faca?
O
sábio então concluiu:
-
É isso que quero que compreenda alteza! Pode ser perigoso expor o
povo a vaidades pessoais quando ele já está no limite. Neste
momento o que Vossa Majestade deve oferecer é compreensão e ajuda.
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Qualquer
semelhança com a política adotada pelo mandante da CBTKD é mera
coincidência. Consideremos, apenas, que nesse caso o “rei” não
tem nenhuma majestade; não há um sábio, mas “colaboradores que
não são considerados, ao contrário, são perseguidos” e o “povo”
não é apenas um povo, mas uma comunidade de esportistas, imbuídos
de firmes propósitos e sonhos. E esse povo especial não é assolado
por catástrofes naturais, mas por “desmandos administrativos e
“burrice institucionalizada”.
Há,
infelizmente, alguma semelhança quanto à sua manifestação: Assim
como no conto, o povo, especialmente o mais carente de recursos, seja
financeiro, técnico ou de politização, espera um “sábio” que
interceda por ele, desprezando a máxima que assegura que a voz
do povo é soberana e se cala, ou fala
apenas à boca miúda.
Como
diz o slogan de uma campanha liderada por um importante grupo de
comunicação aqui do Paraná, PAZ sem
VOZ é MEDO! Não permitam que lhes
roubem os sonhos.
Mestre
Jair Queiroz é mestre 5º dan de taekwondo, psicólogo e reside na cidade de Londrina - PR