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segunda-feira, 11 de junho de 2012

O Conselho do Sábio

Jair Queiroz

(Adaptado de um conto do livro “O poder do Tigre”, de K. Qian Gao – Ed. V&R)
 
Existia um rei muito ambicioso e arrogante, que não entendia que existiam limitações a seu poder. Pensava que, por ser governante, tinha licença para resolver as questões de Estado a seu bel prazer. Dizia que, sendo soberano, podia fazer tudo o que quisesse, sem nenhum problema. Eram épocas de catástrofes naturais e o povo padecia de fome, mas ele só pensava em ampliar o seu reinado.
Certa manhã, um conselheiro conduziu o monarca às montanhas para que contemplasse a devastadora imagem de seu território: os campos secos, a terra rachada. O rei olhou a sua volta e comentou com o funcionário em tom desafiador:
- Continuo convencido de que devo ampliar o meu reino para demonstrar minha grandeza.
Quando voltaram ao palácio o conselheiro, que também era um perito atirador de facas, fez o seguinte teste diante do rei: colocou um servo na frente de um alvo e começou a atirar facas com precisão ao redor do seu corpo. Quando só lhe restava uma faca, perguntou ao rei se ele confiaria em colocar-se no lugar do serviçal. O rei então respondeu:
- Claro que não! Quem me garante que você não vai errar exatamente a última faca?
O sábio então concluiu:
- É isso que quero que compreenda alteza! Pode ser perigoso expor o povo a vaidades pessoais quando ele já está no limite. Neste momento o que Vossa Majestade deve oferecer é compreensão e ajuda.
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Qualquer semelhança com a política adotada pelo mandante da CBTKD é mera coincidência. Consideremos, apenas, que nesse caso o “rei” não tem nenhuma majestade; não há um sábio, mas “colaboradores que não são considerados, ao contrário, são perseguidos” e o “povo” não é apenas um povo, mas uma comunidade de esportistas, imbuídos de firmes propósitos e sonhos. E esse povo especial não é assolado por catástrofes naturais, mas por “desmandos administrativos e “burrice institucionalizada”.
Há, infelizmente, alguma semelhança quanto à sua manifestação: Assim como no conto, o povo, especialmente o mais carente de recursos, seja financeiro, técnico ou de politização, espera um “sábio” que interceda por ele, desprezando a máxima que assegura que a voz do povo é soberana e se cala, ou fala apenas à boca miúda.
Como diz o slogan de uma campanha liderada por um importante grupo de comunicação aqui do Paraná, PAZ sem VOZ é MEDO! Não permitam que lhes roubem os sonhos.

Mestre Jair Queiroz é mestre 5º dan de taekwondo, psicólogo e reside na cidade de Londrina - PR