Solenidade de abertura do 9º Campeonato Mundial Junior, em Sharm El Sheikh, Egito. A Seleção Brasileira não participou das apresentações iniciais, pois ainda voava em direção ao Egito, chegando só no dia seguinte
Sobre os resultados do Mundial Juvenil, é preciso dizer o seguinte: mesmo se o Brasil estivesse fazendo a coisa certa no que se refere ao taekwondo de alto rendimento, os resultados poderiam não ser diferentes dos que estamos vendo agora no 9º Campeonato Mundial no Egito, pois o nível internacional está muito alto. Porém, os resultados das lutas não seriam tão acachapantes como os que vimos em algumas categorias. E é isso que chama a nossa atenção para o sinal de alerta que já deveria estar ligado. Em alguns combates, os brasileiros foram derrotados por 13 X 0 e 14 x 0 e nenhum dos 13 atletas que compunha a reduzida equipe sequer chegou às quartas de final.
A diferença técnica, que não era tão grande em outros tempos, hoje é cavalar. Lembro-me que na segunda metade da década de 90, Márcio e Marcel Wenceslau, Diogo Silva e Walasse Ayres entre outros pequenos jovens brasileiros davam trabalho a turma internacional. Lembro-me também que, cada praticante tinha liberdade para se planejar em conjunto com seu técnico e que as seletivas para os eventos internacionais eram próximas às competições, mesmo da forma ilógica de seleções estaduais. Não havia grana pública para levá-los, mas eles já sabiam e se planejavam antes.
Eu sempre falei isso e vou repetir, os treinadores brasileiros, os formadores de atletas, estão desestimulados e não estão formando mais talentos. Há ainda alguns heróis que continuam tentando desenvolver um bom trabalho. Mas isso é muito pouco para o tamanho do Brasil. O desalentador é que há uma forte tendência a que estes abnegados também (daqui a um tempo) venham a desistir de formar atletas. Ademais, professores e mestres que possuem praticantes jovens matriculados em suas academias, não fazem a mínima força para que os meninos enveredem para o caminho do alto rendimento. Não vale a pena, pelo menos neste momento, onde uns poucos dirigentes se acham os donos do taekwondo no Brasil. O país está ficando muito pra trás. Isso porque o sistema desportivo da modalidade é anacrônico e fisiológico.
A receita é muito simples. Mas muito simples, mesmo. O problema é que os caras continuam complicando, porque são vaidosos e não aceitam dizer que estão errados ao manter a política destrutiva de Seletivas por federações, equipes formadas em ano anterior para o ano seguinte e, ainda, entre outras coisas, quererem ser responsáveis pela formação técnica dos atletas. Deixem isso com as academias, com os clubes e seus treinadores. Trabalhem em cima do fomento, pois entidade de administração estadual não tem a função de formar seleção, tampouco preparar atletas.
Mas um dia eles aprendem, ou, quem sabe, alguém assume esse trem e faz a coisa certa. O TAEKWONDO BRASILEIRO ESPERA!